Folha de S. Paulo


EUA já cancelaram quase 60 mil vistos após decreto anti-imigração

Cerca de 60 mil vistos foram cancelados desde que os Estados Unidos adotaram o decreto anti-imigração, há uma semana, segundo o Departamento de Estado americano.

O número foi divulgado para desmentir um advogado do Departamento de Justiça americano, que havia falado em 100 mil vistos revogados, durante audiência com advogados representando irmãos iemenitas que haviam sido deportados do aeroporto de Washington.

Segundo o Departamento de Estado, o número mais alto incluía vistos diplomáticos e outros que não estão sujeitos ao veto.

Se já estiverem dentro dos EUA, as pessoas que tiveram seu visto cancelado podem permanecer no país. Mas se saírem dos EUA, não poderão retornar, pois seus vistos estão inválidos. E se estiverem fora, não poderão entrar.

No dia 27 de janeiro, o presidente americano Donald Trump assinou o decreto que proíbe por 90 dias a entrada nos EUA de qualquer indivíduo de 7 países de maioria muçulmana "com tendências de terrorismo" (Síria, Iraque, Irã, Iêmen, Líbia, Somália e Sudão), suspende por 120 dias a admissão de refugiados no país e por período indeterminado a entrada de cidadãos sírios.

No mesmo dia, o Departamento de Estado emitiu uma diretriz determinando a revogação "de todos os vistos de imigrante e não imigrante válidos de cidadãos do Iraque, Irã, Somália, Sudão, Síria, Líbia e Iêmen".

A medida só não se aplica a vistos diplomáticos, de representantes de governo ou órgão multilateral e de funcionários da Otan (aliança militar ocidental). Mas essa diretriz não tinha sido divulgada ao público.

Uma série de ações está correndo na Justiça, contestando a deportação de cerca de 110 viajantes e refugiados que haviam sido detidos nos aeroportos americanos.

Milhares de pessoas tiveram seu pedido de visto negado ao tentarem conseguir a permissão de entrada em consulados americanos no mundo. Mas o cancelamento de vistos já emitidos havia recebido pouca atenção até agora e atinge um número bem maior de pessoas.

A Casa Branca afirma que as medidas são necessárias para aumentar a eficiência da vigilância e evitar a entrada de terroristas no país.

"O número 100 mil tirou todo ar dos meus pulmões", disse ao jornal "the Washington Post" Simon Sandoval-Moshenberg, advogado que representa os dois iemenitas que chegaram no sábado em Washington e foram mandados de volta em um voo para a Etiópia.

Moshenberg se referia ao número citado pelo advogado Erez Reuveni, do Departamento de Justiça.

Um porta-voz do departamento de Estado afirmou que, na realidade, são 60 mil, e "é preciso colocar esse número no contexto".

"No ano fiscal de 2015, nós emitimos mais de 11 milhões de vistos", disse William Cocks. "E como sempre, segurança nacional é nossa prioridade ao emitir vistos."

Em 2015, foram emitidos 89.387 vistos para cidadãos dos sete países vetados pelo decreto.

O governo está tentando resolver casos como o dos irmão iemenitas Tareq e Ammar Aqel Mohammed Aziz, que tentaram entrar no país com vistos válidos.

Os EUA vão permitir que eles e outros na mesma situação recebam novos vistos e tenham a entrada no país liberada, caso eles desistam do processo que movem contra o governo americano.

Na sexta-feira (3), o governo do Irã retaliou os Estados Unidos ao proibir lutadores americanos de participar do Freestyle World Cup, uma das mais prestigiadas campeonatos de luta livre.


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