Folha de S. Paulo


Putin e Trump concordam em estabelecer relações de igual para igual

Jonathan Ernst/Reuters
Assistido por seu chefe de Gabinete, Trump conversa com o presidente russo, Vladimir Putin
Assistido por seu chefe de Gabinete, Trump conversa com o presidente russo, Vladimir Putin

O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Donald Trump, concordaram em desenvolver relações "de igual para igual", dando prioridade à luta contra o terrorismo e estabelecendo uma "real coordenação" no combate ao grupo Estado Islâmico na Síria, informou o Kremlin neste sábado (28).

"Há vontade de ambas as partes de trabalhar em comum, ativamente, para estabilizar e desenvolver a cooperação russo-americana sobre uma base construtiva, de igual para igual, e mutuamente vantajosa", destacou o presidente russo em um comunicado, após a primeira conversa por telefone entre os dois chefes de Estado desde que o americano assumiu a Presidência.

Segundo nota divulgada pelo Kremlin, Putin e Trump mantiveram uma conversa "positiva" sobre uma variedade de temas, desde o acordo nuclear com o Irã até a crise na Ucrânia, passando pelo conflito entre Israel e Palestina e a situação na península coreana.

"Deu-se ênfase na prioridade que se deve dar à união de esforços na luta contra a ameaça que o terrorismo internacional representa. Os presidentes se disseram favoráveis à implantação de uma coordenação real das ações russas e americanas para destruir o EI e outros grupos terroristas na Síria", destacou a mesma fonte.

Putin e Trump conversaram por telefone pela primeira vez em novembro, pouco após a vitória do bilionário americano, quando acordaram "normalizar" as relações entre Moscou e Washington.

Na sexta, Trump havia declarado que esperava ter uma "relação fantástica" com Putin, algo que considera "possível", embora "também seja possível que não funcione".

Ainda assim, disse que era "cedo demais" para falar de aliviar as sanções que afetam a Rússia devido à anexação da Crimeia, em março de 2014, a partir do conflito com os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, apoiados, segundo Kiev e as potências ocidentais, por Moscou.

MERKEL

Donald Trump também teve uma conversa telefônica com a chanceler alemã, Angela Merkel, neste sábado, em que destacaram "a importância fundamental da Otan", informou a Casa Branca.

"O presidente e a chanceler também estão de acordo na importância fundamental da Aliança da Otan como a mais ampla relação transatlântica e seu papel para assegurar a paz e a estabilidade da nossa comunidade no Atlântico Norte", destacou a Casa Branca em um comunicado.

Informou-se, ainda, que Trump viajará em julho para Hamburgo para participar da reunião de cúpula do G20 e que receberá "muito em breve a chanceler em Washington".

Durante sua campanha, Trump se mostrou muito crítico à Aliança Atlântica, em um momento em que a Rússia era vista na Europa como uma ameaça e a Otan, amplamente impulsionada pelos Estados Unidos, parecia ser a única muralha contra Vladimir Putin.

O agora presidente americano tinha qualificado a Otan de obsoleta e condenava seus aliados por não dar sua parte para esta carga financeira.

HOLLANDE

Já o presidente da França, François Hollande, pediu a Trump que respeite o princípio de "acolhida de refugiados" e o advertiu para as consequências de uma atitude protecionista, segundo comunicado da Presidência francesa.

Hollande "lembrou sua convicção de que a luta para a defesa das nossas democracias" só é eficaz se baseada no "respeito aos princípios que as fundamentam, em particular a acolhida aos refugiados". Além disso, o presidente francês "advertiu para as consequências econômicas e políticas de uma abordagem protecionista", como a adotada por Trump.

Além disso, o presidente francês insistiu na "importância" que tem para o planeta "a aplicação da convenção de Paris sobre o aquecimento global", que Trump acaba de questionar.


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