Folha de S. Paulo


Casal Obama não prevê sair da cena política após fim da presidência

Logo depois de passar o bastão para Donald Trump, o ex-presidente Barack Obama embarcou com sua mulher, Michelle, para uma temporada de férias em Palm Springs, na Califórnia, bem longe do frio de Washington.

Obama declarou que sua maior prioridade no momento é dormir. "Não vou programar alarme [para a manhã do dia 21], disso eu tenho certeza", brincou.

Mas esse retiro deve durar pouco. Obama vem dando sinais de que não será um ex-líder anódino como seu antecessor George W. Bush, que manteve uma postura ultradiscreta durante o governo do democrata. "Ele merece meu silêncio, se ele quiser, é super bem vindo para me ligar e pedir minha ajuda", afirmou Bush em 2009.

Obama afirmou, em sua última coletiva à imprensa, que existem algumas "linhas vermelhas" que o fariam voltar à vida pública. "Há uma diferença entre o funcionamento normal da política e algumas questões ou momentos em que os novos valores básicos estão em risco", disse.

Obama não vai voltar para sua casa em Chicago. Ele se mudará para o bairro de Kalorama, a pouco mais de 3 km da Casa Branca. É o primeiro presidente desde Woodrow Wilson (1856-1924) que permanecerá em Washington após o fim do mandato.

Ele já tem uma equipe levantando recursos para criar a Fundação Obama e sua biblioteca presidencial (ambas em Chicago), como fizeram outros ex-presidentes. Deve se dedicar ao My Brother's Keeper Alliance, uma iniciativa para ajudar meninos negros e de origem hispânica. E se prepara para escrever um livro de memórias sobre seu tempo na presidência.

Os dois livros de memórias que Obama escreveu, "Sonhos do Meu Pai" e "A Audácia da Esperança", foram best-sellers mundiais. Estima-se que ele poderia receber um adiantamento na casa dos US$ 10 milhões para seu próximo livro.

Além disso, tem direito a uma aposentadoria anual como presidente, que era de US$ 205,7 mil em 2016.

Mas a maior expectativa se refere aos planos futuros da ex-primeira-dama Michelle Obama, que sai da presidência com aprovação ainda mais alta do que Obama.

A VEZ DE MICHELLE

Michelle foi o nome mais requisitado durante a campanha de 2016, tida como imã de votos. Existe enorme especulação sobre a possibilidade de a ex-primeira dama seguir carreira política.

Ela já negou essa possibilidade diversas vezes e voltou a mencionar o fato de que ficava muito incomodada com toda a exposição da vida pública e com os transtornos que isso causava à sua família.

Mas muitos eleitores não perdem a esperança. Já existe vários grupos de arrecadação de recursos para a campanha de Michelle em 2020, o Ready for Michelle e o Michelle2020. Só falta convencer a ex-primeira dama.


Endereço da página:

Links no texto: