Folha de S. Paulo


'El Chapo' Guzmán, líder do cartel de Sinaloa, é extraditado para os EUA

Associated Press
El Chapo' Guzmán chega a Nova York após ser extraditado do México
'El Chapo' Guzmán chega escoltado por policiais a Nova York após ser extraditado do México

O México extraditou nesta quinta-feira (19) para os Estados Unidos o líder do cartel de Sinaloa, Joaquín "El Chapo" Guzmán Loera, depois de a Justiça mexicana ter recusado o último recurso de sua defesa.

Horas depois da rejeição nos tribunais, a Procuradoria-Geral e a polícia o mandaram para o aeroporto internacional de Ciudad Juárez, na fronteira com os EUA, onde foi entregue para agentes americanos.

Segundo a Secretaria das Relações Exteriores mexicana, o líder do cartel de Sinaloa foi entregue "de acordo com as normas constitucionais" e não teve "violados seus direitos humanos nos procedimentos instaurados".

De lá, ele partiu para Nova York, um dos três Estados onde ele é processado. Ao todo, ele é acusado de dez crimes, dentre eles tráfico internacional de drogas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e homicídio.

Considerando os crimes, ele pode ser condenado até à prisão perpétua. Ficarão pendentes as ações pelos mesmos crimes que correm no México, cujas penas serão cumpridas depois da designada pelos EUA.

Em nota, o Departamento de Justiça americana expressou "sua gratidão ao governo do México pela cooperação e pela assistência em assegurar a extradição de Guzmán Loera para os Estados Unidos".

A defesa de Guzmán havia tentado um último recurso em outubro, após Justiça dar sinal verde para sua extradição, pedida pelo presidente Enrique Peña Nieto quando o traficante foi capturado pela última vez, em janeiro de 2016.

HISTÓRIA

A chegada aos EUA deve dar fim à carreira de um dos líderes de cartel mais longevos da história mexicana. Em mais de 30 anos no tráfico, passou de capanga do Cartel de Juárez para dominar a rota de venda de droga aos EUA.

Assim como Pablo Escobar na Colômbia e chefes do tráfico de favelas brasileiras, atraiu os pobres de sua região com dinheiro e benefícios. Por outro lado, alimentou a guerra entre os cartéis no fim dos anos 2000.

Neste período, foi preso duas vezes e fugiu duas vezes da prisão, em 2001 e 2015, em saídas cinematográficas. Na primeira, ele teria saído pela porta da frente da cadeia —na versão oficial, dentro de um carrinho de lavanderia.

Há quase dois anos, sua quadrilha montou um túnel de 1,5 km cavado a partir de uma casa e que saiu direto em sua cela. Em ambos os casos surgiram acusações de corrupção contra o alto escalão do governo.

Apesar do risco de fuga e da facilidade que o líder do cartel tinha para conduzir suas atividades, o governo mexicano não havia aberto mão de julgá-lo, o que mudou na última captura, em janeiro de 2016.


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