Folha de S. Paulo


Em carta de despedida, Barack Obama agradece americanos por aprendizado

Pablo Martinez Monsivais/Associated Press
Barack Obama acena após concluir sua última conferência de imprensa na Casa Branca, Washington
Barack Obama acena após concluir sua última conferência de imprensa na Casa Branca, Washington

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, voltou a agradecer os americanos "por tudo o que eu aprendi com vocês", em carta de despedida divulgada nesta quinta-feira (19), véspera de sua saída da Casa Branca.

Com o texto, o democrata disse querer compartilhar com seus cidadãos as experiências do seu mandato e fornecer "uma pequena vivência" ao republicano Donald Trump, para quem passará o comando na sexta (20).

"Antes de deixar minha mensagem para nosso 45º presidente, quero dizer um obrigado final pela honra de servir como seu 44º. Porque tudo o que eu aprendi aqui, foi por vocês. Vocês me fizeram um melhor presidente e um melhor homem", disse.

Ao detalhar a colaboração dos cidadãos, Obama citou a crise econômica de 2008 e os momentos de luto nas visitas às famílias das vítimas de tragédias, citando particularmente que "encontrou a graça em Charleston".

Ele fez referência ao massacre conduzido pelo supremacista branco Dylann Roof numa igreja da comunidade negra na cidade da Carolina do Sul, matando nove fiéis em 2015. Na semana passada, o atirador foi condenado à morte.

Obama também citou elementos de seu legado, como a lei de reforma da saúde, a aprovação do casamento gay na Suprema Corte, além dos avanços da ciência e da formação de novas tropas.

"Eu vi vocês, o povo americano, em toda sua decência, determinação, bom humor e generosidade. E, em suas ações diárias de cidadania, vi nosso futuro desflorando."

Por fim, fez um chamado aos cidadãos que façam seu trabalho de cidadãos diariamente e disse que estará com eles "em cada passo de seu caminho". E finalizou com "sim, nós podemos", slogan de sua campanha de 2008.

"E, quando a roda do progresso pareça lenta, lembrem-se: a América não é o projeto de uma pessoa só. A palavra simples mais poderosa em nossa democracia é 'Nós'. Nós, o povo. Nós podemos superar."

LEGADO

A carta à população foi a última demonstração pública do legado de Barack Obama como presidente. Nos últimos dias, ele dedicou seus discursos e entrevistas a ressaltar suas realizações e dar recados para o futuro.

No dia 10, em seu último discurso como presidente, disse que a democracia americana está ameaçada pela divisão —aludindo à polarização criada pela eleição que levou Trump à Casa Branca.

Citou como ameaças a falta de oportunidades econômicas, a divisão racial e a tendência de se retrair a uma bolha e se cercar de pessoas semelhantes. "Não é só desonesta, essa escolha seletiva de fatos; é autodestrutiva."

Os últimos sete dias foram marcados por uma série de anúncios em algumas de suas marcas de seu mandato. Como forma de amenizar a violência e a tensão racial, autorizou a revisão federal dos departamentos de polícia de Batimore e Chicago.

Em último ato da reaproximação com Cuba, derrogou a política que permitia a qualquer cubano que chegasse por terra ao país de ficar e receber visto de residência.

Na terça (17), reduziu a pena da ex-militar Chelsea Manning, que vazou milhares de documentos confidenciais do Departamento de Estado e das Forças Armadas ao site WikiLeaks em 2010. Ela, que cumpriria pena até 2045, poderá deixar a prisão em maio.

Além das 270 pessoas de terça, Obama comutou penas nas últimas horas de seu governo de 330 pessoas que condenadas por tráfico de drogas e transferiu quatro prisioneiros de Guantánamo para outros países. Ele, porém, não conseguiu cumprir sua promessa de fechar a cadeia.


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