Folha de S. Paulo


Trump diz que relatório que o associa à Rússia lembra a 'Alemanha nazista'

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a se manifestar nesta quarta-feira (11) sobre a polêmica sobre as supostas informações constrangedoras sobre ele coletadas por Moscou.

No Twitter, o republicano disse que seus adversários usam "notícias falsas" para prejudicá-lo, e comparou a situação à "Alemanha nazista".

Mike Segar - 09.dez.2016/Reuters
U.S. President-elect Donald Trump speaks at a
Presidente eleito Donald Trump fala durante evento em Michigan em dezembro

"As agências de inteligência nunca deveriam ter permitido que essa notícia falsa 'vazasse' para o público. Um último tiro contra mim. Estamos vivendo na Alemanha nazista?", disse o presidente eleito.

"Eu ganho uma eleição facilmente, ocorre um grande 'movimento', e oponentes trapaceiros tentam minar nossa vitória com notícias falsas. Situação lamentável!"

Tuíte

Duas autoridades dos EUA disseram na terça-feira (10) aos meios de comunicação que os chefes de quatro agências de inteligência do país apresentaram a Trump na semana passada documentos sigilosos que incluem alegações não confirmadas de que agentes russos tinham informações comprometedoras sobre ele. Os papéis também foram mostrados ao presidente Barack Obama.

As informações foram entregues em um anexo ao relatório dos serviços de inteligência sobre a interferência russa nas eleições presidenciais americanas, apresentado na última sexta-feira (6). Os oficiais americanos envolvidos no vazamento afirmaram que, devido a seu potencial explosivo, o dossiê foi divulgado a Trump e a Obama mesmo que os serviços ainda não tivessem confirmado suas informações.

Trump também disse que nunca foi pressionado pelo Kremlin.

"A Rússia nunca tentou me pressionar. Não tenho nada a ver com a Rússia -acordos, empréstimos, nada!", afirmou.

Na terça-feira, o bilionário havia dito, também no twitter, que a situação equivale a "uma total caça às bruxas política".

O Kremlin disse nesta quarta-feira que as acusações contra o governo russo são "totalmente sem sentido".

As acusações contra a Rússia devem ser um dos assuntos tratados por Trump nesta quarta-feira em uma entrevista coletiva. Esta será a primeira conferência de imprensa do bilionário em quase seis meses.

O governo do presidente Barack Obama não fez comentários sobre a polêmica até o momento.

DOSSIÊ

Segundo a imprensa americana, as informações da suposta coleta de dados comprometedores sobre Trump por Moscou estavam nas mãos de um ex-espião britânico com trânsito na Rússia e nos EUA.

A íntegra do documento, exibido pelo site Buzzfeed, mostra que o governo de Vladimir Putin havia feito um esforço para influenciar Trump, que viajou diversas vezes à Rússia a negócios e devido ao Miss Universo.

O mesmo, diz o dossiê, havia sido feito com empresários próximos ao bilionário, com quem tinham contato há oito anos. Para tanto, guardaram informações das visitas e dos negócios para chantagear o presidente eleito.

Dentre elas, a que Trump teria feito orgias com prostitutas em Moscou e São Petersburgo em 2013, durante visitas em que buscava uma forma de entrar com sua empresa imobiliária no mercado russo. Uma das noitadas teria sido gravada pelo Kremlin.

Os russos também teriam a informação sobre propinas pagas por empresas de Trump a integrantes do governo da China e de uma reunião do advogado de Trump, Michael Cohen, com membros do Kremlin em agosto em Praga.

TENSÃO BILATERAL

O vazamento ocorre em meio a tensões entre Washington e Moscou devido às acusações feitas pelos serviços de inteligência dos EUA de que o Kremlin teria ordenado ataques cibernéticos e a divulgação de notícias falsas durante as eleições americanas contra a candidatura de Hillary Clinton com o objetivo de favorecer Trump.

Tanto o Kremlin quanto Trump rechaçam as acusações, que já levaram a administração de Obama a aplicar sanções contra empresas russas e a expulsar dezenas de diplomatas do país.

Ao longo da campanha, Trump prometeu reorientar a política externa americana e promover uma reaproximação a Moscou. Nos últimos anos, as relações entre os EUA e a Rússia sofreram desgastes devido a divergências sobre conflitos na Ucrânia e na Síria.


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