Folha de S. Paulo


Indicado por Trump para Justiça diz que evitará inquéritos contra Hillary

Indicado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para ocupar o cargo de secretário de Justiça no futuro governo, o republicano Jeff Sessions disse nesta terça-feira (10), durante sabatina no Senado, que evitaria ordenar possíveis investigações contra Hillary Clinton, derrotada nas eleições de novembro.

Hillary foi alvo de inquéritos por ter utilizado um servidor privado de e-mails enquanto ocupava o cargo de secretária de Estado, no primeiro mandato do presidente Barack Obama.

Jewel Samad - 17.nov.2016/AFP
US Senator Jeff Sessions of Alabama talks to the media at the Trump Tower in New York on November 17, 2016. President-elect Donald Trump has chosen Jeff Sessions, a conservative senator who was one of his early backers in the race for the White House, to be attorney general, US media reported November 18, 2016. / AFP PHOTO / Jewel SAMAD
O senador Jeff Sessions, escolhido por Trump para o cargo de secretário de Justiça dos EUA

Ao ser questionado sobre como lidaria com as acusações contra a democrata, Sessions disse que, devido a comentários inflamados feitos por ele durante a campanha eleitoral, "a coisa correta seria me abster" sobre as investigações.

O cargo de secretário de Justiça inclui também a função de promotor-geral.

O escândalo dos e-mails de Hillary foi alvo de polêmica durante a corrida pela Casa Branca. Antes do pleito, Trump prometeu "prender" Hillary se fosse eleito, mas posteriormente o magnata nova-iorquino afirmou ter desistido de processá-la.

Na sabatina, Sessions afirmou ser favorável à manutenção da prisão militar americana na baía de Guantánamo, em Cuba. Segundo ele, o cárcere é um local seguro para abrigar suspeitos de terrorismo.

Durante seu mandato, o presidente Barack Obama transferiu para outros países centenas de presos que estavam em Guantánamo, mas não conseguiu cumprir sua promessa de fechar a prisão.

Sessions declarou, ainda, que respeitará a proibição ao uso do afogamento enquanto técnica de tortura.

O republicano também disse ser contra o veto à entrada de muçulmanos nos EUA, uma das propostas apresentadas por Trump durante a campanha para combater o terrorismo.

RACISMO

Sessions aproveitou a sabatina para se defender de acusações de racismo e disse que compreende "a história dos direitos civis e o impacto horrendo que a discriminação sistemática e a negação de direito ao voto tiveram sobre nossos irmãos e irmãs afro-americanos"

No passado, o republicano foi criticado por ter atacado um procurador negro e por ter afirmado que grupos que lutam por direitos civis para cidadãos negros podem ser considerados "não americanos". As acusações de racismo contribuíram para o Senado ter rejeitado, em 1986, a postulação de Sessions.

Durante a sabatina nesta terça, dois homens com roupas do grupo supremacista branco Ku Klux Klan foram retirados a força após interromperem o evento. Ao serem escoltados pelos seguranças, os homens gritavam "vocês não podem me prender, sou branco!" e "este governo é de pessoas brancas!"

Sessions afirmou "abominar a Ku Klux Klan e sua ideologia odiosa" e negou ter dito no passado que grupos de defesa dos direitos civis seriam "não-americanos".

PERFIL

Sessions se opõe a qualquer forma de concessão de cidadania a imigrantes ilegais e foi um defensor entusiástico da promessa de campanha de seu futuro chefe de construir um muro na fronteira com o México.

Ele também postulou a favor de limites à imigração legal argumentando que esta reduz os salários dos trabalhadores norte-americanos.

Ex-procurador-geral do Alabama, Sessions já questionou se suspeitos de terrorismo deveriam receber a proteção do sistema judiciário americano.

Jeff Sessions foi eleito procurador-geral do Alabama em 1995 e se juntou ao Senado dois anos depois.

Os nomes indicados para compor o gabinete de Trump devem sofrer pouca resistência no Congresso, controlado pelos republicanos.


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