Folha de S. Paulo


Trump diz que acusação contra Rússia por ciberataques é 'caça às bruxas'

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (6) em entrevista por telefone ao jornal "New York Times" que as acusações sobre o envolvimento da Rússia em ciberataques durante as eleições são uma "caça às bruxas".

Segundo o republicano, seus oponentes estão constrangidos por terem "apanhado feio" nas eleições de novembro, e por isso se concentram apenas em fazer críticas ao Kremlin.

Mike Segar-9.dez.2016/Reuters
U.S. President-elect Donald Trump speaks at a
Presidente eleito Donald Trump fala durante evento em Michigan

Após o pleito, os serviços de espionagem dos Estados Unidos chegaram à conclusão de que o governo da Rússia ordenou uma série de ciberataques contra alvos do Partido Democrata para favorecer as chances de vitória de Trump. Moscou nega as acusações.

Na entrevista, Trump também citou ciberataques anteriores contra instituições do país, como a invasão da China contra agências do governo entre 2014 e 2015, dizendo que nessas ocasiões não houve tanto furor da opinião pública.

"A China há relativamente pouco tempo hackeou 20 milhões de nomes relacionados ao governo. Como ninguém nem fala disso? Isto é uma caça as bruxas política", afirmou o magnata nova-iorquino.

Além disso, Trump lançou dúvidas sobre as alegações do Comitê Nacional do Partido Democrata (DNC, na sigla em inglês) sobre a interferência russa nas eleições, afirmando que a legenda se negou a fornecer ao FBI (polícia federal americana) acesso aos servidores dos computadores hackeados.

"O DNC não deixou que vissem os servidores", disse o republicano. "Como se pode ter certeza dos ciberataques sem nem ter acesso aos servidores?" O Partido Democrata nega que o FBI tenha requisitado acesso aos computadores.

Trump disse ainda que os serviços de Inteligência "cometeram muitos erros" no passado, como nos atentados terroristas de 11 de setembro de 2011 e nas evidências falsas de armas de destruição em massa mantidas pelo ditador iraquiano Saddam Hussein, as quais levaram os EUA a intervir no país em 2003.

Nesta sexta-feira, Trump tem reunião marcada com os chefes das agências de espionagem dos Estados Unidos para discutir as acusações sobre o envolvimento da Rússia. Um dos presentes no encontro será o diretor nacional de Inteligência, James Clapper, que reiterou em audiência no Senado nesta quinta-feira (5) que tem um nível de certeza alto de que a Rússia hackeou instituições e pessoas ligadas ao Partido Democrata.


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