Folha de S. Paulo


Senador que liderou golpe no Haiti é preso sob suspeita de tráfico de drogas

Dieu Nalio Chery - 24.ago.2016/Associated Press
O então candidato ao Senado do Haiti, Guy Philippe, durante entrevista em agosto do ano passado
O então candidato ao Senado do Haiti, Guy Philippe, durante entrevista em agosto do ano passado

O senador eleito haitiano Guy Philippe, que liderou um golpe armado em 2004 e é suspeito de tráfico de drogas pelas autoridades dos EUA, foi preso nesta quinta (5) em Porto Príncipe, informou a polícia.

Philippe, eleito em novembro, participava de um programa em uma rádio privada quando policiais fortemente armados da brigada de luta contra o tráfico de drogas se situaram diante da estação e dispararam para o ar várias vezes.

O homem saiu do edifício cercado por agentes e com as mãos algemadas nas costas. Um porta-voz da polícia confirmou a prisão, mas não informou sob qual acusação Philippe havia sido detido.

De acordo com uma rádio local, havia um processo de extradição aos Estados Unidos em andamento e o senador foi levado ainda na quinta-feira ao aeroporto da capital. Esta última informação foi confirmada à agência de notícias AFP por um legislador haitiano sob condição de anonimato.

O jornal "Miami Herald" informou que Philippe —próximo ao novo presidente eleito haitiano, Jovenel Moise— foi extraditado para os EUA entregue a agentes da DEA, agência antidrogas americana, que o busca desde 2005.

HISTÓRICO

O controverso Philippe, eleito senador pelo departamento de Grande Anse, se tornou conhecido em 2004 ao liderar uma rebelião armada que provocou a saída precipitada do então presidente Jean-Bertrand Aristide.

O escritório de assuntos criminais da polícia nacional do Haiti concluiu em julho que o candidato era autor intelectual de um ataque lançado em maio contra uma delegacia da cidade de Les Cayes, no sul do país, algo que Philippe sempre negou.

Sua prisão motivou a revolta dos parlamentares, que denunciaram uma detenção que consideraram ilegal.

Philippe estava protegido de toda perseguição durante a campanha eleitoral, mas não é mais assim. A Constituição do Haiti afirma que um parlamentar conta com imunidade somente depois que prestar juramento ao seu cargo, passo previsto em cerimônia marcada para a próxima segunda-feira (9).


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