Folha de S. Paulo


Maduro nomeia governador como vice e troca 11 ministros na Venezuela

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nomeou nesta quarta-feira (4) Tareck El Aissami, 42, como seu novo vice-presidente e fez uma reforma que levou a trocas em ministérios e na estatal petroleira PDVSA.

Aissami, que era governador do Estado de Aragua (norte), ocupa o lugar de Aristóbulo Istúriz, 70, que vira ministro das Comunas. O anúncio foi feito no lançamento de um plano bienal, que chamou de Agenda Carabobo.

Palácio de Miraflores/Reuters
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, saúda seu novo vice, Tareck El Aissami, em evento
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, saúda seu novo vice, Tareck El Aissami, em evento

Da linha-dura do chavismo, o novo vice-presidente foi eleito governador com mais de 55% dos votos em 2012. No entanto, não conseguiu fazer nenhum deputado governista em seu Estado na eleição parlamentar de 2015.

Líder estudantil nos anos 1990, é advogado e foi eleito deputado em 2005. Três anos depois, tornou-se ministro do Interior e da Justiça de Hugo Chávez (1954-2013), deixando o governo em 2012.

Dentre as principais mudanças de seu gabinete, estão a volta do ex-vice-presidente e ex-chanceler Elías Jaua, que assume a Educação, e a nomeação de Adán Chávez, irmão de Hugo Chávez (1954-2013), para a Cultura.

O chavista ainda fundiu os ministérios da Economia e das Finanças, que passam para as mãos do deputado Ramón Lobo, e nomeou para a pasta do Petróleo Nelson Martínez, presidente da Citgo, braço internacional da PDVSA.

Martínez substitui Eulogio del Pino, que virou presidente da petroleira venezuelana. Maduro disse que precisava em seu gabinete "um conjunto de companheiros, em que se combine a experiência com o compromisso".

Houve mudanças também em mais sete ministérios, mas não no comando militar e diplomático. Seguem no cargo os ministros da Defesa, Vladimir Padrino López, e das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez.

No evento, que foi transmitido em rede nacional de rádio e televisão, Maduro disse que 2017 será para a Venezuela o ano da "contraofensiva vitoriosa, do crescimento e da expansão das forças produtivas do país".

"Devemos ganhar a batalha pelo direito à paz e vencer os grupos criminosos e terroristas da ultradireita. Temos que entrar em um processo de libertação da violência criminosa, do tráfico de drogas e dos paramilitares."

REFERENDO

Tareck El Aissami é o terceiro vice-presidente da Venezuela desde que Maduro assumiu, em 2013. O primeiro foi Jorge Arreaza. Pela legislação do país, o presidente pode trocar seu vice quantas vezes quiser.

Os rumores de uma nova troca circularam durante todo o ano passado, principalmente devido ao risco de que o chavista fosse derrubado no referendo revogatório de seu mandato que desejava a oposição.

Na época, chegou a ser cogitada para o cargo a mulher de Maduro, Cilia Flores, que assumiria se o chavista caísse na consulta. Com o atraso no cronograma da votação, a substituição ficou em segundo plano.

Na quinta (5), haverá mudança na Assembleia Nacional, que passa a ter Julio Borges como presidente. Maduro disse esperar que o opositor acate o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e cumpra as promessas de diálogo.

"Tomara que mantenha sua palavra, embora tenda a não acreditar em nada do que dizem. Caso contrário, do jeito que a coisa vai, iremos rumo à dissolução e à convocação de novas eleições na Assembleia Nacional."

O Legislativo, que há um ano é dominado pela oposição, foi declarado em desacato pela Justiça por empossar três deputados impugnados. Antes disso, a maioria das decisões da Assembleia foi impugnada pelos tribunais.


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