Folha de S. Paulo


Produtores de maconha californianos terão segurança jurídica, mas renda menor

Andrew DeAngelo, responsável pelas operações da maior loja de maconha do mundo, começou a vender a droga em 1983, quando era ainda ilegal. O uso medicinal da planta só seria permitido na Califórnia 13 anos depois, numa campanha para a qual ele ajudou a levantar fundos.

"Sei bem como é passar de ilegal para legal. Muda seu modo de vida completamente", disse DeAngelo, formado em artes cênicas em San Francisco, mas que dedica a vida ao ativismo da maconha e à Harborside, fundada por seu irmão em 2006 e que hoje dispõe de 200 mil pacientes cadastrados.

"Ganhava muito mais dinheiro. Tinha um estilo de vida bem rock'n'roll, tinha várias namoradas e tal. Mas deixa eu lhe falar: hoje, durmo muito melhor. Não tenho medo de ir preso, não preciso me esconder do mundo, levo a vida com dignidade", contou.

Segundo especialistas, entre 60% e 80% da maconha plantada na Califórnia, maior produtor do país, é vendida no mercado negro. Muitas vezes, o mesmo produtor abastece ambos os mercados.

Para a legalização dar certo, Andrew diz que será preciso implementar impostos adequados. Só assim, a droga "limpa" poderá competir com a ilegal.

A nova lei votada em novembro diz que o plantador terá que comprar uma licença e pagar impostos. Já as lojas vão repassar ao Estado o equivalente a 15% das vendas, além de endereçar porcentagens adicionais para o condado e para o município. Ao contrário do que acontece em outros Estados, pessoas que foram presas na Califórnia no passado por causa da droga podem trabalhar na indústria.

"Muita gente que planta maconha vai ter que fazer esta evolução, ficar legal. E isto exige um sacrifício: sua renda será bem menor, mas você terá segurança e liberdade. Muitos ainda querem que o mercado continue como nos últimos 30 anos. Com a legalização, isso vai ter que acabar", acredita DeAngelo.


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