Folha de S. Paulo


'Somos mais fortes que o terrorismo', afirma Merkel

Markus Schreiber/AFP
German Chancellor Angela Merkel poses for a photograph after the recording of her annual New Year's speech at the Chancellery in Berlin on December 30, 2016. / AFP PHOTO / POOL / Markus Schreiber ORG XMIT: MSC105
A chanceler alemã Angela Merkel posa para foto durante a gravação de seu discurso de Ano-Novo

Em sua tradicional mensagem de Ano-Novo, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, disse que os alemães estão deixando "um ano de provações difíceis" para trás. Entre elas, o terrorismo islâmico foi, "sem dúvida", a mais difícil, afirmou Merkel, lembrando os vários atentados que ocorreram no ano: Würzburg, Ansbach e, em meados de dezembro, também em Berlim.

Doze pessoas morreram no atentado em Berlim, quando o tunisiano Anis Amris invadiu um mercado natalino com um caminhão. O jovem de 23 anos chegou à Alemanha como refugiado. Segundo Merkel, é especialmente triste e revoltante quando atentados terroristas são cometidos por pessoas que aparentemente procuravam proteção no país. A chanceler afirmou que tanto a receptividade dos alemães como aqueles que realmente necessitam e merecem ajuda são ofendidos com atos desse tipo.

Merkel afirmou que a tristeza devido aos mortos e feridos ainda é grande na sociedade alemã, mas que ela percebe determinação em meio a essa tristeza. "Uma determinação forte de contrapor, ao ódio dos terroristas, a nossa humanidade e coesão social."

A mensagem da chanceler deixa claro que ela confia na sua política de refugiados. "Ao vermos, por exemplo, imagens de Aleppo bombardeada na Síria, podemos repetir como foi importante e correto ajudar, no ano passado, aqueles que realmente precisavam da nossa proteção a se estabelecer a aqui e se integrar."

Ela chamou os terroristas de assassinos cheios de ódio. Estado de Direito e democracia são a alternativa a eles, acrescentou. "Nosso valores serão mais fortes do que o terrorismo", afirmou. Ela reiterou empenho na luta contra o terrorismo e disse que o Estado garantirá segurança e liberdade para todos. "Em 2017, nós, como governo, vamos agir onde as mudanças políticas e legais são necessárias, conduzindo e aplicando as medidas necessárias rapidamente", anunciou a chanceler.

Merkel disse que espera mais coesão social e o fortalecimento da democracia em 2017. Para ela, muitas pessoas associam o ano de 2016 a um sentimento de que o mundo saiu dos trilhos. Conquistas, como a União Europeia ou a democracia parlamentar, foram questionadas por aparentemente não se preocuparem com o interesse dos cidadãos. "Essa é uma imagem distorcida", afirmou. A chanceler reconheceu que a UE é devagar, porém, "nós, alemães, não deveríamos jamais nos deixar enganar de que um futuro feliz esteja em iniciativa nacionais solitárias."

Em setembro de 2017 haverá eleições para o Bundestag, e Merkel também mencionou isso na sua mensagem de Ano-Novo. Segundo ela, a democracia parlamentar exige "contestação e participação", mas sempre de forma pacífica e respeitosa. "Vou me empenhar por um debate político no qual possamos discutir apaixonadamente muita coisa, mas sempre como democratas que jamais esquecem que é uma honra servir à nossa democracia e, com isso, às pessoas."


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