Folha de S. Paulo


Congresso da Colômbia aprova lei de anistia a membros das Farc e militares

O Congresso da Colômbia aprovou nesta quarta-feira (28) a lei de anistia a guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e militares que não estejam envolvidos em crimes hediondos ou contra a humanidade.

A medida é um dos pontos do acordo de paz entre a guerrilha e o governo do presidente Juan Manuel Santos. No entanto, é um dos motivos apresentados pelos opositores ao pacto para rejeitá-lo no plebiscito de outubro.

Guillermo Legaria/AFP
Uma mulher segura uma bandeira branca em um ato pelo acordo de paz com as Farc em Bogotá
Uma mulher segura uma bandeira branca em um ato pelo acordo de paz com as Farc em Bogotá

A nova legislação foi aprovada na Câmara com 117 votos a favor e três contrários, enquanto no Senado o placar foi de 69 a 0. A votação foi boicotada pelo partido Centro Democrático, ligado ao ex-presidente Álvaro Uribe.

Os principais beneficiados serão os guerrilheiros rasos e militares de patente mais baixa, que não cometeram crimes hediondos. Os demais deverão ser julgados por uma instância especial a ser criada, prevista também no acordo.

O texto vai para a sanção de Santos, que agradeceu a aprovação da lei. "Muito obrigado ao Congresso, que, com votação histórica, aprovou a lei de anistia, primeiro passo para a consolidação da paz", disse, em um canal oficial.

A decisão permitirá que cerca de 7.000 guerrilheiros entreguem suas armas nas chamadas zonas de desmobilização, a serem montadas com a ajuda da ONU. A previsão é que este processo seja feito nos próximos seis meses.

OPOSIÇÃO

Dentre os crimes que não entram nesta regra, estão sequestros, homicídios, crimes contra a humanidade e estupro. No entanto, haverá anistia para o tráfico de drogas, o que levou a fortes críticas do Centro Democrático.

Em intervenção em plenário antes do boicote, Uribe disse que a anistia seria uma consagração ao tráfico. "O próprio governo reconheceu que as Farc usaram o narcotráfico para financiar a rebelião", declarou.

Ele ainda voltou a criticar o método de votação pelo Congresso, por ir contra à vontade da maioria dos colombianos que rejeitaram o acordo, e que o Legislativo não tem competência para fazer isso.


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