Folha de S. Paulo


Autor de atentado a mercado de Natal em Berlim é morto a tiros na Itália

Divulgação/AP
Anis Amri, suspeito de ser o responsável por atentado em Berlim
Anis Amri, suspeito de ser o responsável por atentado em Berlim

O ministro italiano do Interior, Marco Minniti, confirmou na manhã desta sexta (23) que a polícia de Milão matou Anis Amri, 24, suspeito do ataque a um mercado de Natal em Berlim na noite de segunda (19), que provocou a morte de 12 pessoas e feriu 48.

"Sem nenhuma sombra de dúvida", disse o representante do governo da Itália ao confirmar a identidade do morto, em entrevista.

Considerado o principal suspeito do atentado com caminhão que invadiu área comercial na capital alemã, o tunisiano foi morto em uma troca de tiros com policiais italianos, antes do amanhecer na cidade.

Autoridades do país afirmam que Amri foi abordado por dois policiais próximo da estação ferroviária de Sesto San Giovanni entre 3h e 3h30 (horário local). Ao ser parado, atirou em um deles, mas foi morto pelo colega do atingido. De acordo com o ministro italiano do Interior, o policial baleado não corre risco de morte.

Em entrevista, o chefe de polícia de Milão, Antonio De Iesu, disse que os policiais faziam patrulha de rotina e não tinham a ideia de que o suspeito estava na cidade. Segundo a mídia local, ele havia acabado de chegar da França em um trem. Ele foi identificado pelas impressões digitais.

O Ministério do Interior alemão afirmou que a morte de Amri é um "alívio". "Somos gratos às autoridades italianas pela estreita troca de informações mantidas em sigilo", disse o porta-voz da diplomacia alemã, Martin Schäfer.

Já a chanceler alemã Angela Merkel disse estar aliviada com a morte do suspeito, em entrevista em Berlim. Ela agradeceu as autoridades italianas, em especial os dois policiais que efetuaram a abordagem.

Amri estava foragido desde o ataque em Berlim. A milícia terrorista Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado. Não está provado, no entanto, que a facção teve um papel ativo na ação.

O restante da Europa segue em alerta e incrementando a segurança de outros mercados natalinos. Há receios de que o Estado Islâmico planeje outros ataques, enquanto perde território no Iraque.

ATENTADO

Um caminhão atingiu um mercado de Natal lotado no centro de Berlim na noite desta segunda-feira (19). O caminhão entrou na feira no que seria um dos horários de maior movimento, quando crianças e adultos se juntam nos tradicionais estandes de madeira que vendem comida e produtos de Natal numa celebração anual que ocorre por toda a Alemanha e por outros países do centro da Europa.

A carreta tem placa polonesa e vinha da Itália em direção à Polônia quando fez uma parada em Berlim.

A feira de Natal de Berlim voltou a funcionar nesta quinta-feira (22).

"Apesar dos trágicos acontecimentos", o mercado situado nas proximidades da igreja Kaiser-Wilhelm, em Berlim, abriu às 11h locais (8h em Brasília), informa um comunicado assinado pelas empresas Schaustellerverband Berlin e AG City, depois que a polícia revistou o local.

FAMÍLIA

Em estado de choque, a família de Anis Amri diz que ele havia deixado a Tunísia com a esperança de encontrar uma vida melhor na Europa.

Em frente à casa da família, em Oueslatia, Abdelkader relata a trajetória de seu irmão, o mais novo da família.

Em março de 2011, Amri deixou a Tunísia ilegalmente por mar até a ilha de Lampedusa, fugindo de uma condenação à revelia a quatro anos de prisão por furto e roubo.

Além da condenação, "Anis também partiu para escapar da pobreza. Ele não tinha futuro na Tunísia e estava desesperado para melhorar a situação financeira da nossa família", diz.

"Ele bebia [álcool], não era de oração nem nada", conta Walid, outro irmão.

Condenado à prisão na Itália por atear fogo a um prédio, Amri fugiu para a Alemanha, onde chegou em 2015.

"Ele entrava em contato com a gente, disse que queria voltar para a Tunísia, mas que antes tinha de ganhar dinheiro. Dez dias antes do ataque, disse que pretendia voltar em janeiro", relata Walid.


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