Folha de S. Paulo


Escócia revela plano para ficar no mercado único europeu após 'brexit'

A primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon revelou nesta terça-feira (20) o plano da Escócia para permanecer no mercado único da União Europeia (UE), embora tenha ressaltado que prefere a opção de uma Escócia independente dentro da UE (União Europeia).

Sturgeon acrescentou que a decisão do referendo em junho de abandonar a UE significa que a semiautônoma Escócia, que votou a favor de continuar no bloco, pode solicitar a Londres mais poderes em matéria de imigração.

"Estamos determinados a manter a posição atual da Escócia no mercado único europeu", disse Sturgeon em Edimburgo na apresentação de um texto onde estão as propostas, com o título "O lugar da Escócia na Europa".

Sturgeon disse que isso pode ser feito como uma "opção diferenciada" para a Escócia, no contexto das regras que se aplicam aos não membros da UE da Associação de Livre Comércio Europeia (EFTA) e da Área Econômica Europeia (EEA).

"O povo escocês não votou no 'brexit' e um 'brexit forte' prejudicará seriamente os interesses econômicos, sociais e culturais escoceses", afirmou Sturgeon. Acrescentou que estarão em risco 80.000 empregos na Escócia se a Grã-Bretanha sair da União Europeia.

Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça estão na EFTA, e o primeiro país também pertence à EEA, que garante a livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capital no mercado único.

Sturgeon acrescentou que a continuidade do livre movimento de trabalhadores da UE na Escócia não significaria a criação de uma fronteira rigorosa entre Escócia e Inglaterra, caso o restante da Grã-Bretanha opte por restringir a imigração.

Os trabalhadores da UE podem ser advertidos de não sair da Escócia para outras partes da Grã Bretanha modificando as leis migratórias em matéria de emprego e moradia, acrescentou a primeira-ministra.

Ao ser interrogada sobre como a Grã-Bretanha poderia permanecer no mercado único e na união aduaneira, Sturgeon afirmou que "se deve assumir que não se estão orientando por esse caminho".

Ela ressaltou que a Escócia não planeja negociações separadas com a União Europeia, mas advertiu que se a Escócia não atingir seus objetivos "a opção da independência se colocará sobre a mesa".

Um porta-voz da primeira-ministra britânica Theresa May, que prometeu iniciar negociações formais para sair da União Europeia até março, disse que o governo "observará de perto" os planos de Sturgeon.

"O governo tem como objetivo chegar a um acordo de saída da União Europeia que envolve todas as partes do Reino Unido —que claramente inclui a Escócia— e se aplicará ao Reino Unido como um todo", acrescentou o porta-voz.

Sturgeon preparou um esboço de legislação para um novo referendo de independência que será apresentado ao parlamento escocês, embora a Escócia tenha votado contra a saída do Reino Unido em um referendo em 2014.

Entretanto, o governo britânico terá a última palavra sobre a realização de outra votação sobre a independência da Escócia.


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