Folha de S. Paulo


Trump chama ex-governador Rick Perry para Departamento de Energia

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, selecionou para o Departamento de Energia um homem que já quis desligar o interruptor dessa mesma pasta. O ex-governador do Texas Rick Perry é sua escolha —a decisão foi oficializada na noite de terça (13).

A ironia não passou batida: em debate de 2011, Perry, então pré-candidato à Casa Branca, listou pastas que gostaria de extinguir. Eram três: Educação, Comércio e...

Numa gafe que ajudou a sepultar suas chances naquela corrida, ele esqueceu a terceira, justamente Energia.

Perry governou o Texas, maior produtor de petróleo entre os 50 Estados americanos. Sua nomeação é mais um sinal de que o presidente eleito será um entusiasta de energias poluentes —o secretário de Estado é presidente da maior petroleira do mundo, a ExxonMobil, e a agência ambiental ficará com Scott Pruitt, que menospreza a responsabilidade humana sobre as mudanças climáticas.

O ex-governador é outro "negacionista" do aquecimento global. Em "Fed Up!" (de saco cheio), de 2010, escreveu que o planeta passa na verdade por "uma tendência de resfriamento", ao contrário do que prega quase toda a comunidade científica.

Em 2012, atribuiu a disseminação da "farsa" climática a um "número substancial de cientistas que manipulam dados para conseguir injeção de dólares em seus projetos".

Além da política energética, a pasta é responsável pelo programa nuclear americano, incluindo o militar. As atividades atômicas compõem 60% de seu orçamento.

Perry está no conselho da Energy Transfer Partners, responsável pela construção (recentemente interrompida pelo governo) de um polêmico oleoduto na Dakota do Norte —que poluiria fontes de água para uma reserva indígena.

O ex-governador foi um dos republicanos que torceram o nariz para Trump, a quem chamou de "câncer no conservadorismo", mas o apoiou na reta final das prévias do partido. Em setembro, virou notícia por uma atrapalhada performance no reality "Dancing with the Stars".

Nesta terça, Trump se reuniu com o rapper Kanye West, que disse ter discutido "assuntos multiculturais" na Trump Tower.


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