Folha de S. Paulo


Premiê italiano oficializa renúncia e começam negociações para sucessão

Alessandro Bianchi/Reuters
Primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, fala com a imprensa na residência oficial na segunda (5)
Primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, fala com a imprensa na residência oficial na segunda (5)

Matteo Renzi, premiê da Itália, renunciou ao cargo na noite desta quarta-feira (7).

Renzi, do Partido Democrático (centro-esquerda), já havia anunciado a demissão no domingo (4), após ser derrotado em um referendo para reformar a Constituição.

Ele foi, no entanto, convencido pelo presidente italiano Sergio Mattarella a adiar o plano até a aprovação do orçamento de 2017.

O orçamento foi aprovado durante o dia pelo Parlamento, possibilitando sua saída.

"Orçamento aprovado. Renúncia formal às 19h. Obrigado a todos e vida longa à Itália", escreveu Renzi no Twitter, antes de seu encontro com o presidente.

renzi

Mattarella deve iniciar na quinta-feira (8) à tarde uma rodada de negociações com os principais partidos e nomear um novo premiê.

Há pressão política para que o presidente Mattarella convoque eleições antecipadas. O pleito está originalmente previsto para 2018.

Alguns partidos querem que as eleições sejam convocadas o mais rápido possível. A pressa se deve aos planos de reformar a lei eleitoral.

As regras atuais garantem a maioria parlamentar automática ao vencedor, mas o sistema deve voltar a ser proporcional antes de 2018.

Renzi e aliados preferem, porém, que a lei seja reformada e apenas então as eleições sejam antecipadas.

Há nomes circulando como possíveis novos premiês, incluindo os ministros Pier Carlo Padoan (Finanças), Paolo Gentiloni (Relações Exteriores) e Dario Franceschini
(Cultura).

POPULISTAS

Enquanto os próximos passos são determinados, a União Europeia acompanha a Itália com ansiedade.

A crise política italiana pode abrir espaço para movimentos populistas como o antissistema Cinco Estrelas e o xenófobo Liga Norte.

O Cinco Estrelas, em especial, questiona a integração europeia. Caso conquiste o poder, o partido poderia convocar um referendo sobre a permanência da Itália no bloco econômico –repetindo o "brexit", a decisão britânica de sair da União Europeia.

Esse cenário ainda é, no entanto, distante. Ademais, o referendo votado no domingo não estava relacionado à União Europeia e não pode, assim, servir de medida da aprovação popular ao bloco.

Matteo Salvini, líder da Liga Norte, ameaçou durante o dia ir às ruas em meados de dezembro caso as eleições não sejam antecipadas.

CONSTITUIÇÃO

Renzi havia convocado um referendo para reformar a Constituição italiana. Durante a campanha ele ameaçou renunciar ao cargo caso a mudança não fosse aprovada pela população no domingo (4) –o que ocorreu.

A reforma previa, entre outras medidas, o esvaziamento do Senado. O número de senadores passaria de 315 a 100, sem eleição direta, e a Casa não poderia mais aprovar leis salvo exceções.

O referendo foi reprovado por 59,1% da população. A rejeição ao governo de Renzi vem, em parte, de sua incapacidade de resolver os entraves da economia. O PIB (Produto Interno Bruto) deve crescer 0,8% neste ano.


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