Folha de S. Paulo


Escolhas de Trump para novo governo indicam guinada à direita

O presidente eleito Donald Trump está repudiando grande parte da agenda doméstica do presidente Barack Obama, enchendo seu gabinete com conservadores que têm longo histórico de oposição à administração atual em questões como programas sociais, salários, terrenos públicos, veteranos de guerra e o meio ambiente.

Os nomes escolhidos por Trump para comandar as pastas de Educação, Comércio, Justiça e Saúde –e os que estão sendo considerados para outras agências federais que exercem ampla autoridade sobre a vida dos americanos– estão alegrando republicanos em Washington, que passaram oito anos combatendo o governo de Obama.

Carlo Allegri/Reuters
Trump cumprimenta o ex-pré-candidato republicano Ben Carson, cotado para ser secretário de Habitação
Trump cumprimenta o ex-pré-candidato republicano Ben Carson, cotado para ser secretário de Habitação

"É o reconhecimento de que eleições têm consequências", disse Thomas M. Davis, ex-deputado da Virgínia que se disse impressionado com a filosofia ideológica das escolhas de Trump para comandar agências domésticas.

"A filosofia republicana reza que os mercados fazem um trabalho melhor. É uma diferença tremenda de posição em relação a Obama."

Na manhã da segunda-feira (5), Trump anunciou que pretendia nomear o neurocirurgião aposentado Ben Carson para ser o secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano. Ele vem somar-se a um elenco crescente de nomeados que, se suas indicações forem confirmadas, vão assumir controle de centenas de milhares de funcionários públicos federais, em um esforço para modificar políticas públicas desenvolvidas ao longo de quase uma década de governança democrata.

Vistos em conjunto, os indicados sugerem uma administração decidida a mudar o rumo da política em relação à imigração, ao aborto, às leis habitacionais, o meio ambiente, as proteções dos trabalhadores e a privatização de funções federais.

Suas escolhas até agora apontam para uma abordagem mais conservadora a muitas questões domésticas do que o próprio Trump articulou durante sua campanha presidencial.

Esta semana Trump deve preencher uma série de cargos que vão acelerar a reviravolta completa em relação às políticas públicas atuais.

Consta que ele estaria considerando seriamente nomear a governadora republicana do Oklahoma, Mary Fallin, para secretária do Interior, pressagiando uma mudança de rumo do departamento em relação à postura atual sobre a energia e os terrenos públicos.

Andrew F. Puzder, doador californiano à campanha de Trump, seria um dos principais candidatos a chefiar o Departamento do Trabalho. E o ex-senador republicano Scott Brown, de Massachusetts, pode ser aprovado para comandar o Departamento de Assuntos dos Veteranos.

No mês passado Trump anunciou a escolha de Betsy DeVos para chefiar o Departamento de Educação.

O deputado republicano Tom Price, da Geórgia, escolhido para assumir o Departamento de Saúde e Serviços Humanos.

O investidor bilionário Wilbur Ross foi indicado a secretário do Comércio. E o senador Jeff Sessions, do Alabama, foi escolhido para ser o secretário da Justiça.

Essas escolhas indicam aos democratas e ativistas liberais que a agenda de Washington está mudando, disse o ex-deputado Davis.

"Está claro que isso não vai agradar a eles", comentou.


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