Folha de S. Paulo


Em ato, Raúl diz que Cuba não terá monumentos em homenagem a Fidel

Em uma cerimônia realizada na noite deste sábado (26) em Santiago de Cuba, o presidente do país, Raúl Castro, jurou defender "a pátria e o socialismo" depois da morte de seu irmão, Fidel Castro.

O líder comunista morreu no fim de semana passado, aos 90 anos. O ato deste sábado marcou o fim da Caravana da Liberdade, que, desde o último dia 30, atravessou a ilha caribenha em um cortejo fúnebre com as cinzas de Fidel.

A caravana percorreu cerca de 900 km desde Havana, no sentido contrário ao da marcha revolucionária que, em janeiro de 1959, levou o líder comunista ao poder. Neste domingo (4), em Santiago, será realizado o funeral de Fidel.

Em sua fala, Raúl disse que o irmão havia pedido que, depois que ele morresse, não se colocasse seu nome em "praças, avenidas, ruas e outros locais públicos", nem que se construíssem estátuas suas. O atual presidente prometeu apresentar uma lei à Assembleia Nacional proibindo o culto à personalidade de Fidel.

Raúl, que em 2006 substituiu Fidel no comando de Cuba, fez diversas menções à atuação do irmão no período revolucionário e à frente do governo.

"Em nome do nosso povo, o partido, o Estado e o governo, e os familiares, reitero o agradecimento mais profundo pelas incontáveis mostras de afeto a Fidel, suas ideias e sua obra", disse.

"Em meio à dor, nos sentimos reconfortados e orgulhosos, pela reação de crianças e jovens cubanos que reafirmam sua disposição de serem fiéis continuadores dos ideais do líder da Revolução."

Ao longo da Caravana, no entanto, a reportagem da Folha viu estudantes ensaiando homenagens, por exemplo.

Em Cienfuegos, a praça onde há um ponto de conexão à internet estava cheia de gente com o rosto grudado no celular no momento em que o cortejo passava.

Ao final de sua fala neste sábado, Raúl foi saudado pelo público presente. "Fidel é Raúl", gritaram os presentes, depois emendando palavras de incentivo como "Raúl, amigo, o povo está contigo", segundo a mídia estatal.

O ato terminou com o hino de 26 de Julho, nome de um dos movimentos revolucionários que levaram Fidel ao poder.

Ao contrário de outros atos em homenagem a Fidel realizados nos últimos dias, desta vez, só houve discurso de cubanos –as lideranças estrangeiras presentes a Santiago de Cuba nem sequer foram mencionadas.

Entre elas, estavam o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e o boliviano, Evo Morales. Os ex-presidentes brasileiros Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva sentaram-se ao lado de Raúl Castro. No final, o cubano abraços os dois.


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