Folha de S. Paulo


Site radical chega a centro do poder com governo Donald Trump

A vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos elevou ao centro do poder um veículo de mídia que até pouco mais de um ano atrás estava confinado a um público específico da direita branca ultraconservadora —o incendiário site de notícias Breitbart.

Uma das primeiras nomeações do presidente eleito foi a de Stephen Bannon, ex-chefe do site, que será o estrategista-chefe da Casa Branca, aumentando temores de que o novo governo servirá de plataforma para o ideal de supremacia branca que o Breitbart é acusado de propagar.

Fundado em 2007 pelo comentarista político Andrew Breitbart, um liberal de Los Angeles que mudou de lado e tornou-se um ícone do conservadorismo, o site abraçou desde o início a campanha de Trump à Presidência. Agora, muitos acreditam que está em posição par ser o principal porta-voz do governo, numa resposta à "mídia liberal" que foi alvo de ferozes ataques do republicano em sua surpreendente caminhada até conquistar a Casa Branca.

Breitbart morreu em 2012 de infarto aos 43 anos. A partir daí o site passou a ser capitaneado por Bannon, 62, que deu uma guinada para a chamada "direita alternativa" (conhecida em inglês como alt-right) e para o sensacionalismo.

Entre as manchetes publicadas pelo Breitbart sob o comando de Bannon que alimentaram sua reputação extremista estão "Controle de natalidade torna as mulheres feias e loucas", "Correção política protege a cultura do estupro muçulmano" e "Você prefere ter um filho feminista ou canceroso?".

Durante a convenção republicana de julho, que confirmou Trump como o candidato presidencial do partido, Bannon disse com orgulho que o Breitbart era uma "plataforma o alt-right". Variante extrema do conservadorismo, a direita alternativa não é um movimento monolítico, mas ficou conhecida por promover nacionalismo branco, racismo, anti-semitismo, homofobia e misoginia.

Com a nomeação de Bannon para um dos postos mais influentes da Casa Branca, o Breitbart sai de vez das sombras para o centro do palco político, levando alguns analistas a compará-lo a uma versão trumpista do "Pravda" o jornal que serviu como o órgão oficial do Partido Comunista soviético.

"Dependendo da conduta de Bannon, o Breitbart pode se tornar a coisa mais próxima que os EUA já tiveram de veículo de imprensa controlada pelo Estado", prevê Jack Shafer, colunista do site de notícias Politico.

Defensores de Bannon negam que o novo estrategista-chefe da Casa Branca seja um promotor do alt-right, afirmando que Bannon é aberto ao debate e um brilhante administrador que levou o veículo a ter 250 milhões de visitas por mês, ultrapassando mídias tradicionais como o a NPR (rádio pública).

Mas sua chegada ao topo do poder animou a extrema direita. "Bannon, nosso homem na Casa Branca", comemorou o site neonazista Daily Sortmer.


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