Folha de S. Paulo


Hillary fala aos jovens em cidade que também recebeu Trump nesta segunda

Em menos de dez horas, na véspera da eleição, a cidade de Raleigh, na Carolina do Norte, recebeu Donald Trump e Hillary Clinton para comícios definidos na última hora por suas equipes.

No caso da democrata, a parada foi a última de sua campanha, já na madrugada de terça-feira (8) –e foi acrescentada após a Filadélfia, onde inicialmente seria o encerramento, ao lado do casal Obama.

Brian Snyder-7.nov.2016/Reuters
U.S. Democratic presidential nominee Hillary Clinton is joined by U.S. President Barack Obama (2nd L), first lady Michelle Obama (L), former U.S. President Bill Clinton (R) and Chelsea Clinton (2nd R) at a campaign rally on Independence Mall in Philadelphia, Pennsylvania, U.S. November 7, 2016, the final day of campaigning before the election. REUTERS/Brian Snyder ORG XMIT: BKS49
Hillary faz comício com Bill e Chelsea Clinton, além de Michelle e Barack Obama

O cortejo à Carolina do Norte, onde os dois candidatos já tinham feito comícios na última semana, se explica nos números: uma pesquisa New York Times Upshot/Siena College divulgada nesta segunda-feira mostra um empate, em 44% para ambos.

Trump dificilmente vencerá a eleição sem ganhar no Estado, que tem 15 votos no Colégio Eleitoral. Levar a Carolina do Norte, contudo, parece um dos caminhos mais complicados para Hillary chegar à vitória.

A aposta da democrata está nos votos negros e nos jovens. Enquanto, em campo, o primeiro grupo é o que os voluntários miram, na madrugada desta terça foi para os jovens que Hillary mais falou. "Se vocês já votaram, vão procurar hoje [terça] alguém que não votou. Falem com seu 'roommate', com um amigo, com um desconhecido", disse a democrata, arrancando risos da plateia.

O local escolhido –o campus da Universidade Estadual da Carolina do Norte– e o convite para que Lady Gaga fosse seu cabo eleitoral neste comício confirmam o foco no público jovem.

O esforço aparentemente surtiu efeito: a uma hora do início do comício, a fila para entrar, composta principalmente por jovens, se estendia por 12 quarteirões no campus. Para a multidão que não conseguiu entrar, foi instalado um telão do lado de fora do ginásio.

No discurso de menos de 20 minutos, Hillary destacou sua proposta –uma condição de Bernie Sanders para apoiá-la– de tornar as universidades e faculdades gratuitas para quem ganha menos de US$ 125 mil por ano, e sua defesa pela equivalência de salários entre homens e mulheres.

Para a vendedora Tania Lewis, 48, negra, valeu a pena esperar quase quatro horas na fila para vê-la do telão. "Eu apoio as plataformas que ela defende. Ela é a única que está preparada", disse.

TRUMP

Horas antes, Trump falou a um ginásio com capacidade para 7.000 pessoas praticamente lotado, a poucos quilômetros do campus da universidade, e criticou as previsões sobre o resultado feitas pela "mídia desonesta".

"Estamos ganhando em Ohio, em Iowa, em New Hampshire. Eu ouvi que estamos ganhando na Carolina do Norte, na Flórida e acho que vamos vencer no grande Estado da Pensilvânia", disse Trump, sendo ovacionado pelo público.

Segundo a média das pesquisas feita pelo site Real Clear Politics, o republicano estava, na segunda, realmente à frente de Hillary em Ohio, Iowa e Carolina do Norte, com 3,5, 3 e 1,5 pontos de vantagem respectivamente. Na Pensilvânia, na Flórida e em New Hampshire, porém, era a democrata que liderava -apesar de nos últimos dois a vantagem ser de menos de 1 ponto percentual.

Eleição EUA

Na média de intenção de votos nacional, no entanto, Hillary entrará no dia da eleição 3 pontos à frente do rival –o melhor desempenho da última semana, possivelmente impulsionada pela confirmação do FBI, no domingo (6), de que a democrata não será acusada criminalmente pelo uso de um servidor privado de e-mail enquanto era secretária de Estado.

A Carolina do Norte tem um histórico mais republicano, mas foi vencida por Obama em 2008.

O cientista político Kerry Haynie, da Duke University, credita o desempenho de Hillary à transição demográfica pela qual o Estado tem passado. "A população da Carolina do Norte está ficando mais negra, mais nova e com mais formação educacional", disse.

Para ele, diante da proximidade nas pesquisas, esse esforço final pode sim surtir efeito, mas mais para tirar os eleitores de casa do que de conquistar novos votos.


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