Folha de S. Paulo


Trump traria incerteza sobre Otan e acordos com União Europeia

Às vésperas das eleições nos EUA, legisladores e políticos europeus se preocupavam nesta semana com uma eventual vitória do republicano Donald Trump.

Sua Presidência poderia, afinal, afetar três das áreas hoje centrais à Europa: a posição americana dentro da Otan (aliança militar ocidental), os tratados comerciais entre EUA e União Europeia e o acordo nuclear com o Irã.

"Todas essas coisas se tornam incertas", afirma o pesquisador britânico Simon Reich, do departamento de assuntos externos da Universidade Rutgers, em Newark.

"Trump encara toda negociação como um negócio. Isso significa que talvez 'sim', talvez 'não', ou 'eis o preço'. Mas o mercado financeiro depende da estabilidade."

Carlo Allegri /Reuters
Donald Trump, candidato republicano à Presidência dos EUA, em comício de campanha em Sarasota, na Flórida, nesta segunda-feira
Donald Trump, candidato republicano à Presidência dos EUA, em comício de campanha nesta segunda

Trump, por exemplo, tem reclamado dos gastos dos EUA na Otan e exigido maior participação de Estados europeus. Hillary carrega a mesma bandeira, mas sem a mesma pressão e ameaça.

Ao mesmo tempo, Trump se aproxima de Vladimir Putin, presidente russo —rival da aliança militar ocidental.

"Ele minaria a Otan", afirma Stephen Szabo, do German Marshall Fund, organização americana em prol da cooperação transatlântica.

Outra questão delicada é o futuro do Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês), um acordo hoje negociado entre os EUA e a União Europeia.

"O que Trump busca não é uma estrutura mais justa que leve em conta os direitos dos trabalhadores ou as questões ambientais, algo que os críticos europeus pedem. Ele não quer acordo nenhum", afirma Tim Oliver, da LSE (London School of Economics).

É discutido também o efeito de um governo Trump nos investimentos europeus no Irã. Empresários europeus estariam ansiosos para ter garantias de que os acordos recentes seguem válidos e de fato não haverá sanções ao país.

Os EUA são hoje o principal parceiro da União Europeia. "Não há nenhum outro país com o qual estejamos tão próximos no que diz respeito à luta pela democracia", diz o alemão David McAllister, membro do Parlamento Europeu.


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