Folha de S. Paulo


Sírios anunciam tentativa de retomar Raqqa, base do Estado Islâmico

Rodi Said - 27.mai.2016/Reuters
Fighters of the Syria Democratic Forces prepare mortar shells in northern province of Raqqa, Syria May 27, 2016. REUTERS/Rodi Said ORG XMIT: SYR12
Soldados das Forças Democráticas Sírias lançam morteiros em Raqqa

Forças sírias apoiadas pelos Estados Unidos anunciaram neste domingo (6) o início de uma campanha para retomar Raqqa, cidade síria considerada a capital na prática do Estado Islâmico.

"Começou a grande batalha para a libertação de Raqqa e sua província", afirmou um comandante das Forças Democráticas da Síria em entrevista a jornalistas em Ein Issa, ao norte da cidade tomada pelos terroristas.

"Primeiro faremos um esforço para isolar Raqqa, para criar o cenário para um eventual ataque à cidade", explicou um funcionário do goevrno americano à agência de notícias AFP que pediu para não ser identificado.

A iniciativa acontece três semanas depois que forças iraquianas, também apoiadas pelos EUA, iniciaram uma tentativa de retomar o controle de Mossul, igualmente dominada pelo EI.

As chamadas Forças Democráticas da Síria são compostas majoritariamente por sírios de origem curda da milícia YPG e consideradas pelos Estados Unidos como o mais efetivo grupo que luta contra o Estado Islâmico.

A organização, porém, é considerada como terrorista pela Turquia, que já disse que não aceitaria a participação dos curdos na luta contra o Estado Islâmico.

A ofensiva tem o apoio da França e da Inglaterra, além do americano.

COMPLEXIDADE

O anúncio foi feito desprovido de detalhes da estratégia para expulsar o grupo terrorista, que mantém cerca de 5.000 homens em Raqqa.

A operação é tida como mais complexa do que outras similares em cidades no Iraque, onde coalizões lideradas pelos Estados Unidos trabalham em conjunto com o governo em Bagdá.

No caso da Síria, todavia, Washington e os aliados dependem de forças locais árabes e curdas, algumas das quais rivais entre si.

A tensão é elevada ainda pela oposição entre as forças sírias e russas, de um lado, e turcas, de outro.

A iniciativa, ainda assim, é estratégica por aumentar a pressão sobre o Estado Islâmico, dificultando o deslocamento de tropas entre a Síria e o Iraque.

Raqqa, sob controle terrorista desde o início de 2014, é a cidade natal de alguns dos principais líderes do Estado Islâmico e vista como peça chave na luta para combater militarmente o grupo.

O EI já está sob ataque de forças iraquianas apoiadas pelos EUA na fronteira no leste de Mossul, que o grupo capturou dois anos atrás.


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