Folha de S. Paulo


Rússia anuncia nova trégua em Aleppo na sexta e exige saída de rebeldes

A Rússia anunciou uma nova "pausa humanitária" nos ataques sobre Aleppo para sexta-feira (4), e orientou que os rebeldes entrincheirados em partes sitiadas desta cidade no norte da Síria saiam do local.

O presidente Vladimir Putin exigiu a interrupção dos ataques "para evitar vítimas sem sentido", afirmou nesta quarta (2) o ministério russo da Defesa.

"Dado que os nossos colegas americanos são incapazes de separar a oposição dos terroristas, falamos diretamente aos líderes de todos os grupos armados e pedimos que cessem os combates e deixem Aleppo com suas armas", declarou Valery Gerasimov, chefe das Forças Armadas da Rússia.

Ameer Alhalbi-12.out.2016/AFP Photo
Syrians walk over rubble following air strikes on the rebel-held Fardous neighbourhood of the northern embattled Syrian city of Aleppo on October 12, 2016.
Moradores caminham por escombros em Aleppo, em foto de arquivo

Segundo o governo russo, dois corredores especiais serão abertos entre as 9h e as 19h locais (4h e 14h em Brasília) para permitir que os rebeldes saiam ilesos de Aleppo com suas armas. Uma das saídas apontará para a fronteira com a Turquia e a outra para a província síria de Idlib.

Além disso, civis, doentes e feridos poderão ser evacuados durante o cessar-fogo na sexta por outros seis corredores humanitários.

Durante tréguas anteriores, a abertura de corredores não foi suficiente para que se pudesse levar ajuda humanitária aos moradores que vivem nas partes sitiadas de Aleppo, segundo as Nações Unidas.

Facções rebeldes rechaçaram a iniciativa russa para que saiam de Aleppo.

"Isso está completamente fora de questão. Nós não vamos entregar a cidade de Aleppo aos russos e não vamos nos render", disse à agência de notícias Reuters o porta-voz do grupo Fastaqim.

Há meses, tropas leais ao regime do ditador sírio, Bashar al-Assad, tomaram controle das vias de acesso à parte leste de Aleppo, bastião de grupos rebeldes, deixando isoladas aproximadamente 270 mil pessoas que vivem na área.

A Rússia, aliada do regime sírio, realiza ataques aéreos sobre as partes sitiadas Aleppo. Os bombardeios já mataram centenas de civis e destruíram hospitais, atraindo críticas de líderes ocidentais.

Gerasimov disse nesta quarta que uma ofensiva lançada pelos rebeldes na semana passada para tentar romper o cerco a Aleppo fracassou.

"Os terroristas sofreram grandes perdas em vidas, armas e equipamentos. Eles não têm chance de escapar da cidade", afirmou.

O governo russo anunciou nesta terça (1º) que a retomada das negociações de paz na Síria foi adiada de maneira indefinida devido à atuação de extremistas apoiados por potências ocidentais.

O anúncio de uma nova pausa temporária nos ataques sobre Aleppo pode indicar um ultimato da Rússia para os rebeldes sírios. Em parceria com o regime sírio, a Rússia prepara uma ofensiva final retomar a cidade das mãos dos grupos insurgentes.

A retomada de Aleppo, uma das maiores cidades da Síria, é considerada estratégica para enfraquecer a insurgência armada contra o regime de Assad.

Iniciada em 2011, a guerra civil na Síria já deixou mais de 400 mil mortos e forçou milhões de pessoas a sair de suas casas.

Editoria de Arte/Folhapress
ALEPPO CERCADA Regime sírio sufoca o leste da cidade, ocupado por rebeldes

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