Folha de S. Paulo


FBI anuncia que investiga novos e-mails relacionados a caso de Hillary

O FBI (polícia federal americana) anunciou que está examinando um novo lote de e-mails envolvendo a candidata democrata, Hillary Clinton, afirmando que ele parece ter ligação com a investigação sobre o uso não autorizado de um servidor privado quando era secretária de Estado (2009-2013).

A onze dias da eleição, a inesperada decisão foi descrita na imprensa como "uma bomba" e um revés considerável para a campanha de Hillary. Ela dá mais munição a seu adversário, o republicano Donald Trump, que acusa a adversária de ter colocado a segurança do país em risco.

O caso parecia encerrado quando o FBI concluiu a investigação em julho, afirmando que Hillary havia sido "extremamente descuidada" ao usar uma conta privada de email quando estava no governo, mas que não havia motivos para recomendar o indiciamento da ex-chanceler.

Em uma carta enviada nesta sexta (28) ao Congresso, o diretor do FBI, James Comey explica que os e-mails foram descobertos durante a apuração de um caso "não relacionado", mas que eles "parecem pertinentes à investigação" sobre Hillary. Comey não deu detalhes, mas a imprensa local diz que as novas mensagens foram recuperadas dos celulares de Huma Abedine, braço-direito de Hillary, e de seu marido, o ex-deputado Anthony Weiner.

O FBI começou a investigar o político no mês passado em relação a trocas de mensagens e fotos eróticas com uma menina de 15 anos. Foi mais um escândalo envolvendo Weiner, 51, que em 2011 renunciou ao cargo de deputado federal depois de publicar por engano numa rede social uma foto sua de cueca.

A imagem de desonesta é um dos pontos fracos de Hillary na corrida presidencial, e a polêmica dos e-mails tem sido usada sem trégua por seu adversário para atacar sua credibilidade. A nova investigação do FBI foi vista como um presente pela campanha de Trump, que tenta reverter a desvantagem nas pesquisas de opinião.

"Um grande dia para a nossa campanha ficou ainda melhor", festejou numa rede social a chefe de campanha de Trump, Kellyanne Conway.

Hillary ignorou as perguntas de repórteres sobre o caso ao desembarcar nesta sexta em Iowa para eventos de campanha. Em um comunicado, seu chefe de campanha, Joe Podesta, classificou de "extraordinário" o fato de o FBI ter tomado a decisão a 11 dias da eleição e disse que o diretor Comey "deve ao povo americano os detalhes do que está examinando".

Trump intensificou as acusações de que Hillary na reta final da corrida presidencial, a ponto de dizer que ela estaria presa se ele fosse o presidente. Em seus comícios, um dos gritos de guerra mais repetidos por seus seguidores é "tranquem-na!". O mesmo roteiro se repetiu durante um ato de campanha em New Hampshire nesta sexta, em que ele falou após a divulgação do novo desdobramento envolvendo a rival.

"A corrupção da Hillary Clinton é numa escala que jamais vimos antes", disse Trump, acrescentando que a investigação sobre os e-mails "é maior que Watergate", em referência ao escândalo de escutas ilegais que levou à renúncia do presidente Richard Nixon, em 1974.


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