Folha de S. Paulo


Em meio à guerra no Iêmen, mais de um milhão de crianças passam fome

Cerca de 1,5 milhão de crianças no Iêmen estão subnutridas e metade da população vive com fome, disseram nesta sexta-feira (28) as agências de ajuda humanitária das Nações Unidas, três dias depois de imagens de uma jovem iemenita provocar manchetes em todo o mundo.

Segundo a Unicef, a guerra civil no país, que já dura 18 meses, deixou 370 mil crianças em risco de desnutrição grave –condição que demanda tratamento urgente para impedir a morte.

Abduljabbar Zeyad/Reuters
Saida Ahmad Baghili, 18, que sofre de desnutrição severa, em hospital do Yêmen
Saida Ahmad Baghili, 18, que sofre de desnutrição severa, em hospital do Yêmen

"É realmente uma situação terrível. Quando você vê as mães que têm pouco para comer e vê seus filhos se esvaindo, isso quebra o seu coração", disse a porta-voz do Programa Mundial de Alimentação, Bettina Luescher. "É chocante e horrível ver isso no século 21".

No geral, quase metade de todas as crianças no Iêmen tem problemas de crescimento, de acordo com o programa -um sinal de desnutrição crônica.

De acordo com Luescher, por causa da diminuição dos recursos e aumento das necessidades a agência da ONU teve de dividir sua ajuda alimentar em rações menores para chegar a 6 milhões de pessoas todos os meses.

Aproximadamente 7 milhões de iemenita são "desesperadamente precisando de comida", disse a porta-voz, e a situação deve piorar com guerra.

Mesmo antes do conflito começar, porém, o Iêmen tinha uma das maiores taxas de desnutrição do mundo. A agência de alimentação da ONU disse precisar de US$ 257 milhões para prover ajuda até março do ano que vem.

As declarações ocorrem após a foto de uma garota iemenita desnutrida de 18 anos num hospital atrair atenção mundial.

Sua foto é um lembrete da crise humanitária no país mais pobre da Península Arábica, onde ao menos 10 mil pessoas já morreram e milhões foram deslocados pelo conflito entre uma coalização saudita e milícias xiitas apoiadas pelo Irã.

A situação humanitária no Iêmen foi agravada ainda por um recente surto de cólera. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o número de casos suspeitos da doença subiu para 1.410 três semanas após o surto ter sido declarado.


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