Folha de S. Paulo


Eleitores dos EUA rejeitam expandir presença militar do país no exterior

Apenas 25% dos eleitores americanos gostariam que o próximo presidente expandisse a presença militar dos EUA no exterior, de acordo com pesquisa de opinião pública que expõe o clima cauteloso quanto à política externa no eleitorado do país.

Na pesquisa, só 14% dos entrevistados afirmaram que a política externa do país o tornou mais seguro depois do 11 de Setembro, quando os americanos iniciaram seus mais de 15 anos de intervenções militares no Afeganistão e Iraque, entre outros países.

Em uma eleição que mostra avanço no sentimento isolacionista, a pesquisa reforça as indicações de que os eleitores encaram novos envolvimentos internacionais com cautela, especialmente no Oriente Médio.

No entanto, as pesquisas também mostram desilusão com a política externa do presidente Barack Obama, que tentou adotar uma abordagem mais contida quanto ao Oriente Médio.

O clima de ceticismo entre o público pode ser um teste para Hillary Clinton caso ela vença a eleição, porque ela propõe que os Estados Unidos se envolvam mais na guerra civil da Síria, principalmente por meio da criação de zonas de segurança para refugiados civis.

"O público está exigindo uma abordagem mais sábia e mais humilde, calcada no realismo, quanto ao uso de nossas Forças Armadas no exterior", disse William Ruger, vice-presidente de pesquisa e política do Charles Koch Institute, a organização responsável pela pesquisa.

"O levantamento mostra que existe desconexão entre a elite da política externa em Washington, que apoia uma postura ativista e agressiva, e o público dos Estados Unidos, que encara com desconfiança as repetidas empreitadas no exterior".

Perguntados sobre o impacto das políticas americanas nos 15 anos passados, 51% dos entrevistados disseram que o mundo estava menos seguro, enquanto apenas 13% deles tinham a opinião oposta.

De acordo com a pesquisa, 39% dos entrevistados preferiam que os Estados Unidos não deslocassem forças terrestres para a Síria, e apenas 10% disseram que as tropas americanas deveriam ajudar a Arábia Saudita em sua campanha no Iêmen.

O levantamento conduzido pela Survey Sampling International envolveu mil entrevistados e também foi patrocinado pelo Center for the National Interest, outra organização de pesquisa.

No passado, o foco do Charles Koch Institute era principalmente a política doméstica, e questões como a reforma da Justiça criminal e a promoção da inovação.

Agora a organização quer se envolver no debate de política externa, que ela acredita vir sendo dominando por ideias neoconservadoras sobre intervenções e sobre a liderança mundial dos Estados Unidos.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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