Folha de S. Paulo


EUA se abstêm pela 1ª vez em votação da ONU contra embargo a Cuba

Pela primeira vez em 25 anos, a diplomacia dos Estados Unidos se absteve de votar sobre uma resolução da ONU que pede o fim do embargo norte-americano a Cuba.

A Assembleia Geral da ONU aprovou nesta quarta-feira (26) a resolução. Esta foi a 25ª vez que a resolução apresentada por Cuba foi aprovada, mas agora a mesma teve o voto favorável de 191 dos 193 países que a integram. Israel também se absteve de votar.

A decisão norte-americana de mudar seu voto segue uma série de medidas do governo do presidente Barack Obama para restaurar totalmente as relações diplomáticas do país com Cuba. Ele já falou publicamente contra o embargo, que é mantido pelo Congresso de maioria republicana.

"Os Estados Unidos sempre votaram contra esta resolução. Hoje, os Estados Unidos se absterão", anunciou momentos antes a embaixadora americana na ONU, Samantha Power, provocando um longo aplauso no plenário da organização.

Durante décadas, a ONU condenou todos os anos o embargo a Cuba, com o voto contrário de Washington.

Power afirmou que "a política americana de isolamento a Cuba não funcionou (...) Ao invés de isolar Cuba (...), nossa política isolou os Estados Unidos, inclusive aqui, na ONU".

A abstenção americana "não quer dizer que os Estados Unidos estejam de acordo com todas as políticas e todas as práticas do governo cubano", afirmou Power.

"Estamos muito preocupados com as graves violações dos direitos humanos que o governo cubano continua cometendo impunemente contra seu próprio povo", destacou.

RESOLUÇÃO

A Assembleia Geral da ONU se pronuncia anualmente desde 1992 sobre uma resolução que denuncia o bloqueio econômico à ilha e até agora os Estados Unidos sempre votaram contra o texto, algumas vezes seguidos por Israel.

Os Estados Unidos restabeleceram relações diplomáticas com Cuba em julho do ano passado e Obama fez uma visita histórica à ilha comunista em março deste ano.

Mas a decisão final sobre um restabelecimento completo dos laços financeiros e comerciais entre Washington e Havana depende da aprovação do Congresso americano.


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