Folha de S. Paulo


Líder do 'brexit' escreveu artigo defendendo permanência na UE

Leon Neal - 30.jun.2016/AFP
Brexit campaigner and former London mayor Boris Johnson prepares to leave after addressing a press conference in central London on June 30, 2016. Brexit campaigner Boris Johnson said Thursday that he will not stand to succeed Prime Minsiter David Cameron. / AFP PHOTO / LEON NEAL
Boris Johnson acena após discurso no qual disse que não participaria da disputa pelo cargo de premiê

Boris Johnson, um dos principais líderes do movimento que levou o Reino Unido a deixar a União Europeia, escreveu um artigo defendendo a permanência do país no grupo alguns meses antes da votação sobre o tema.

No entanto, o texto não foi publicado na época e veio a público apenas neste domingo (16), revelado pelo jornal "Sunday Times". O artigo traz argumentos econômicos e emotivos pela permanência.

No texto, ele alerta para o potencial "choque econômico" que sair da UE poderia trazer ao Reino Unido, destaca o valor de ter fácil acesso ao forte mercado comum da UE e faz um apelo emocional para preservar os laços com as outras nações do continente.

"Feche seus olhos, segure sua respiração. Pense no Reino Unido. Pense no resto da União Europeia. Pense no futuro. Pense no desejo de seus filhos e netos de viver e trabalhar em outros países europeus, de vender coisas neles, de fazer amigos e talvez encontrar parceiros lá", escreveu.

Atual secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Johnson foi um dos principais nomes da campanha vitoriosa pelo "brexit", como ficou conhecido o processo de saída do Reino Unido da União Europeia.

Ex-prefeito de Londres, ele emprestou sua figura carismática e sua credibilidade à ideia de que o país poderia se dar melhor por conta própria do que sendo parte do bloco econômico.

Johnson disse neste domingo ser "perfeitamente verdadeiro" que estava em dúvida sobre qual lado apoiar quando escreveu o artigo, em fevereiro. Porém, disse que ao comparar esse texto com outro que fez para defender a saída da UE, fica "óbvio" que sair era a melhor escolha.

Embora aprovado pela população em votação em junho, o processo do "brexit" ainda não teve início formal.

O processo só será iniciado quando o governo acionar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa. A partir desse momento, as negociações devem durar em torno de dois anos.

A primeira-ministra britânica Theresa May disse que pretende fazer isso em março de 2017, depois de um debate sobre o tema no Parlamento.

Questões fundamentais, como o futuro dos migrantes e os acordos de comércio após o "brexit" ser realizado, permanecem sem resposta.

Desde junho, a libra já se desvalorizou quase 18% em relação ao dólar.


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