Folha de S. Paulo


Estado Islâmico é expulso da cidade de Dabiq, anunciam rebeldes da Síria

Nazeer al-Khatib/AFP
Fighters from the Free Syrian Army fire a machine gun mounted on a vehicle deploy during fighting against the Islamic State (IS) group jihadists on the outskirts of the northern Syrian town of Dabiq, on October 15, 2016. Turkish-backed fighters were advancing on the northern Syrian town of Dabiq, which has become a rallying cry for the Islamic State group as the prophesied scene of an end-of-days battle. Dabiq holds crucial ideological importance for IS because of a Sunni prophecy that states it will be the site of an end-of-times battle between Christian forces and Muslims. / AFP PHOTO / Nazeer al-Khatib
Soldados do Exército de Libertação da Síria durante combate nos arredores de Dabiq

Quando militantes da organização terrorista Estado Islâmico tomaram a cidade de Dabiq, em 2014, a conquista lhes pareceu um augúrio.

Sua interpretação apocalíptica do islã prevê, afinal, que uma batalha final entre muçulmanos e infiéis será travada justamente ali.

Mas rebeldes sírios apoiados pela Turquia afirmaram ter retomado o território neste domingo (16), forçando um cenário menos auspicioso: com consecutivas derrotas, o Estado Islâmico vê hoje a previsão de seu declínio.

Dabiq era, simbolicamente, uma de suas cidades mais importantes na Síria. Aleppo, outra de suas fortalezas, está sob constante ataque do regime sírio e da aliada Rússia.

Tropas iraquianas se preparam, ao mesmo tempo, para reconquistar Mossul, a "capital" dessa organização terrorista no Iraque. A ofensiva deve ocorrer nestes meses, com o apoio dos EUA.

O ataque dos rebeldes sírios a Dabiq começou no sábado (15), cortando os acessos à cidade. Vilarejos como os de Irshaf e Ghaitun foram tomados, isolando a base do Estado Islâmico.

A ofensiva faz parte da campanha turca Escudo do Eufrates, em referência a um dos rios mais importantes da Mesopotâmia, iniciada em agosto. Em Dabiq, as operações contaram com tanques, artilharia e aviões militares.

PROPAGANDA

Havia em torno de 1.200 militantes em Dabiq, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, baseado em Londres.

A cidade, a 10 quilômetros da fronteira turca, e onde o censo de 2004 registrava 3.000 moradores, não têm em si valor estratégico.

Mas Dabiq era uma das peças centrais da propaganda do Estado Islâmico. A principal revista oficial da milícia levava seu nome.

Reprodução
Capa do numero 15 da revista Dabiq, publicação do Estado Islamico
Capa do numero 15 da revista Dabiq, publicação do Estado Islamico

A cidade aparece, também, em uma profecia creditada a Abu Musab al-Zarqawi, fundador da organização terrorista que transformou-se no atual Estado Islâmico. Ele teria dito que a fagulha acesa por sua insurgência no Iraque continuaria a se espalhar "até queimar os exércitos dos cruzados em Dabiq".

Maomé, profetá do islã, também teria dito que o fim do mundo só chegaria depois que os muçulmanos tivessem derrotado os romanos em Dabiq ou em Amaq, ambas na fronteira com a Turquia, a caminho de Constantinopla (hoje, Istambul).

Já prevendo a queda da base, porém, o Estado Islâmico registrou recentemente em sua publicação Al-Naba que a batalha com as tropas turcas não era exatamente aquela citada na profecia.

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