Folha de S. Paulo


Brasil e Índia assinarão acordo de facilitação de investimentos

O presidente Michel Temer e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, assinarão, na próxima segunda-feira (17), um acordo de cooperação e facilitação de investimentos com o objetivo de reduzir a burocracia e dar proteção jurídica a empresários dos dois países.

O modelo, que já foi aplicado pelo Brasil com países como o México, o Chile e a Colômbia, inclui espaço de diálogo intergovernamental e apoio a empresas, com divulgação de oportunidades de negócios e de informações sobre marcos regulatórios.

O acordo será assinado no encontro entre os dois líderes após a cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Goa, na Índia, junto com uma parceria na área de pesquisa agrícola envolvendo a Embrapa e duas organizações indianas.

Para o embaixador brasileiro em Nova Déli, Tovar Nunes, uma das metas do encontro é acabar com o "deficit de familiaridade" entre os dois países, que nos últimos anos se dedicaram muito mais a trabalhar juntos em temas multilaterais do que a cuidar da relação entre si. O comércio bilateral, por exemplo, caiu 31% no último ano.

"Há conhecimento incompleto de uma parte e de outra, há uma necessidade de mais visitas de autoridades, empresários e acadêmicos. É o momento de, após dez anos de estabelecida uma parceria estratégica, levá-la para um patamar efetivamente estratégico", disse Nunes.

Segundo o embaixador, "há uma percepção" na Índia de que o Brasil vai se recuperar da crise e que a aprovação, pela Câmara, da proposta de emenda à Constituição que congela os gastos federais pelos próximos 20 anos "reverberou" entre os indianos.

"Falei com representantes de ministérios e consultores e eles ficaram impressionados com a rapidez com que o Brasil conseguiu projetar uma segurada nos gastos", afirmou.

Para correr atrás do deficit de mais de US$ 670 milhões que o Brasil tem com a Índia e aproveitar o momento de crescimento do país asiático que pode chegar a 8% no próximo ano fiscal, é preciso, contudo, desfazer aos poucos a percepção dos empresários brasileiros de que este é um mercado difícil.

Segundo Nunes, há uma resistência do empresariado devido às dificuldades impostas no início da operação com os indianos, com barreiras fitossanitárias, por exemplo. Além disso, o baixo fluxo torna o frete mais caro e menos atrativo.

Entre 2012 e 2015, houve queda de 35% nas exportações brasileiras para a Índia, índice maior do que a queda no total das exportações brasileiras no período (21%).

Cerca de 15 empresários dos dois países participarão de um encontro com Temer e Modi na segunda-feira. Durante a semana, mais de 20 empresários brasileiros participaram de uma feira, em Nova Déli, de comércio e investimentos entre os países dos Brics.


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