Folha de S. Paulo


Obama suspende limite de compra de charutos e rum de Cuba

O governo dos EUA anunciou nesta sexta (14) novas ações destinadas a contornar o embargo americano a Cuba, aliviando restrições financeiras, comerciais e de viagens à ilha. Elas incluem a suspensão do limite à compra de charutos e rum cubanos para viajantes americanos, revertendo uma restrição que vigorava há mais de 50 anos.

As medidas foram emitidas por meio de uma diretiva assinada pelo presidente Barack Obama, em mais um esforço para tornar a reaproximação com Cuba irreversível antes de ele deixar a Casa Branca, em 20 de janeiro de 2017. Obama defende a suspensão do embargo econômico imposto à ilha em 1962, mas como a ação depende do Congresso, atualmente controlado pela oposição republicana, tem aprovado medidas para driblar as restrições.

As mudanças anunciadas nesta sexta flexibilizam a interação entre os dois países em várias áreas, incluindo a importação pelos EUA de remédios cubanos, a cooperação em projetos médicos e autorização para que americanos se envolvam em projetos de infraestrutura na ilha. Também expande a concessão de bolsas e prêmios a cubanos para pesquisa científica e atividades religiosas.

"Esta diretiva adota uma postura abrangente para todo o governo a fim de promover o engajamento com o governo e o povo cubanos, e tornar a abertura a Cuba irreversível", disse o presidente Obama, em um comunicado.

Esta é a sexta rodada de medidas emitidas pelo presidente desde que a reaproximação com Cuba foi anunciada, em dezembro de 2014, após mais de meio século de rompimento diplomático. O degelo nas relações com
Cuba é um dos legados de política externa de Obama, que em março deste ano fez uma viagem histórica à ilha, a primeira de um presidente americano em 88 anos.

As novas medidas "irão criar mais oportunidades para que cidadãos cubanos acessem bens e serviços americanos, fortalecendo ainda mais os laços entre nossos países", disse a secretária de Comércio dos EUA, Penny Pritzker.

Para os viajantes americanos, o impacto imediato é maior para os apreciadores de rum e charutos. Até agora, eles só podiam levar de volta aos EUA produtos cubanos num total de US$ 400 (R$1.278), sendo que US$ 100 (R$ 320) em charutos e rum. A partir de segunda (17), não há mais limite.

Embora viagens de turismo a Cuba ainda não sejam permitidas a cidadãos americanos devido ao embargo, o fluxo de visitantes dos EUA à ilha vem tendo um aumento significativo desde a reaproximação. Em relação a 2014, houve um salto de 60% no ano passado, para 150 mil visitantes. Pela legislação atual, americanos podem visitar Cuba caso se enquadrem em alguma das 12 categorias sancionadas pelo presidente Obama no ano passado, que incluem reuniões familiares e atividades como jornalismo, pesquisa, educação e projetos humanitários.

Em seu comunicado, Obama reconheceu que as divergências com o regime comunista de Cuba permanecem, mas afirmou que a melhor política é a aproximação.

"Ainda há desafios e diferenças reais entre nossos governos persistem, mas eu acredito que o engajamento é a melhor forma de lidar com essas diferenças e obter progresso em benefício de nossos interesses e valores", disse o presidente. "O progresso dos últimos dois anos, impulsionado pela ação de hoje, deve lembrar ao mundo o que é possível quando olhamos o futuro juntos", disse o presidente.


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