"Queria socar a tela." Foi a reação que Jessica Leeds, 74, conta ter tido ao ouvir o presidenciável republicano, Donald Trump, dizer em rede nacional nunca ter abusado de mulheres, apesar de ter se gabado disso no que depois definiu como uma "conversa de vestiário", em 2005.
Ao "New York Times", Leeds disse que se sentou ao lado de Trump, mais de três décadas atrás, na primeira classe de um voo. Não se conheciam, e mesmo assim ele teria agarrado seus peitos e tentado colocar a mão sob sua saia. "Era como um polvo, suas mãos estavam por toda a parte."
| George Etheredge/The New York Times | ||
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| Jessica Leeds, 74, que relata ter sido assediada por Trump durante um voo no início dos anos 1980 |
Seu depoimento contrasta com a fala de Trump num debate com a democrata Hillary Clinton, no domingo (9). E não só o dela.
Rachel Crooks era uma recepcionista de 22 anos de uma companhia imobiliária na Trump Tower de Manhattan quando encontrou com o dono do prédio no elevador, 11 anos atrás.
Apresentou-se a ele e apertou sua mão. Na sequência, segundo ela, Trump forçou um beijo na boca. "Fiquei tão chateada por ele ter pensado que eu era tão insignificante que ele poderia fazer isso."
"Nada disso aconteceu", disse Trump ao "NYT", chamando a repórter de "ser humano repugnante". Nesta quarta, a campanha do republicano disse que a reportagem é "ficção".
| Acervo pessoal/via The New York Times | ||
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| Jessica Leeds em foto de 1978; à época ela trabalhava em uma empresa de papel |
A campanha republicana levou novo golpe quando, há uma semana, ressurgiu um vídeo em que Trump dizia poder fazer "qualquer coisa" com garotas quando se é "uma estrela", inclusive "pegá-las pela xoxota".
Segundo a NBC, dois grandes doadores pediram reembolso após a gravação vir à tona —um dos arrependidos se apresenta como "pai de duas filhas".
Nesta semana, ex-candidatas a miss lembraram de como Trump vagava pelos bastidores, elas trocando de roupa (algumas menores de idade). Em 2005 o empresário já contara vantagem ao radialista Howard Stern: "Posso entrar porque sou o dono [dos concursos]. Então estou inspecionando".
Aliado de Trump e presidente da evangélica Universidade Liberty, Jerry Falwell Jr. diz que "não quer eleger um pastor, mas um presidente".
Outra estratégia, entre seus partidários, é usar a "cartada Bill Clinton": evocar os casos do ex-presidente. Já Hillary, dizem, montou cruzadas contra mulheres que acusaram seu marido de assédio —como chamar uma delas de "cantora falida de cabaré". Anos depois, Bill admitiu o caso.
| Saul Loeb/AFP Photo | ||
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| Trump durante o segundo debate presidencial, no qual negou ter abusado sexualmente de mulheres |
Quatro delas estavam no último debate entre os dois presidenciáveis, a convite de Trump, que em 2008 definiu o escândalo sexual do ex-amigo Bill como algo "totalmente desimportante".