Folha de S. Paulo


Matthew deixa 877 mortos no Haiti; furacão chega à Carolina do Sul

O número de mortos registrado no Haiti devido à passagem do furacão Matthew subiu para 877 nesta sexta (7), de acordo com contagem oficial divulgada pela agência de notícias Reuters. A Defesa Civil do país informou que 61.500 pessoas desabrigadas devido à destruição provocada pelo furacão permanecem em abrigos temporários.

Carlos Garcia Rawlins-6.out.2016/Reuters
Destroyed houses are seen after Hurricane Matthew hit Jeremie, Haiti, October 6, 2016.
Casas destruídas após a passagem do furacão Matthew em Jeremie, no Haiti

O Haiti enfrenta sua maior crise humanitária desde 2010, quando um terremoto matou mais de 200 mil pessoas no país.

A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) afirmou nesta quinta-feira (6) que está se preparando para um possível surto de cólera no país depois da passagem do furacão, já que as inundações podem contaminar a água.

A devastação no Haiti levou ao adiamento na eleição presidencial marcada para o próximo domingo (9).

Vídeo mostra aproximação do furacão Matthew aos EUA e a preparação de americanos

EUA

Nos Estados Unidos, segundo informações da Reuters, o furacão atingiu a Carolina do Sul, logo após passar pelos estados Flórida e Georgia, na costa leste. Algumas zonas foram evacuadas e houve registro de cortes de energia e inundações.

Na Flórida, autoridades reportaram ao menos três vítimas: um homem de 82 anos; uma mulher na casa dos 60, atingida por uma árvore ao sair de casa para alimentar seus animais; e outra mulher de 58, que sofreu um ataque cardíaco e não pôde ser socorrida. Na Georgia e na Carolina do Sul, cerca de 300 mil famílias e empresas ficaram sem energia, de acordo com a agência de notícias Reuters.

O presidente Barack Obama alertou que o perigo "está longe do fim" e lembrou do furacão mais feroz de 2012. "Muitos de vocês lembram do Sandy. Inicialmente, as pessoas acharam que não parecia tão ruim. Então vieram tempestades colossais."

A passagem de Matthew pelo sul haitiano remete à destruição provocada pelo terremoto de 2010. Os corpos começaram a aparecer com o recuo das águas, elevadas com ajuda de ventos de até 233 km/h.

"Todo mundo é uma vítima aqui. Casas foram destruídas, todos os tetos se foram. Perdi tudo, até certidão de nascimento", disse à agência AFP Dominique Osny.

Os estragos podem vir em parcelas. Teme-se nova epidemia de cólera, como a que se seguiu ao abalo sísmico que matou até 300 mil pessoas.

O Matthew desceu da categoria quatro à três e depois à dois ao chegar nos EUA, numa escala cujo ápice é cinco. Ainda assusta. Vídeos da costa Flórida exibiam janelas desabando até se estilhaçar no térreo, e ruas da cidade de St. Augustine, uma das mais antigas dos EUA (de 1565), como se fossem rios de correnteza forte. Da varanda de um hotel, com água nos pés, um jovem dava tchauzinho para a câmera.

Um dos desafios para autoridades é justamente os que ignoram o pedido do governador da Flórida para que 1,5 milhão de residentes deixassem as áreas de risco.

A prefeita de St. Augustine, Nancy Shaver, fez um apelo: "Isso não é aventura para escoteiros. As pessoas precisam ir embora". Mais de um milhão ficaram sem energia na costa leste. "Vai piorar muito antes de melhorar", afirmou o diretor do Centro Nacional de Furacões, Rick Knabb.

Muitos, contudo, respiraram aliviados."Pensei que ia passar a noite tal qual a vaca de 'Twister'", relatou a paulista Marina Saad, 28, lembrando do animal levado por um tornado no filme de 1996. Mas Miami, onde mora, foi poupada por Matthew.

"Parece que ele resolveu ligar o [app] Waze e pegou rota alternativa. Agora só preciso consumir as 32 latas de comida pronta que estoquei."

Editoria de Arte/Folhapress

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