Folha de S. Paulo


Procuradoria determina que fundação de Trump pare de arrecadar em NY

A Fundação Trump, braço filantrópico do candidato republicano à Casa Branca, deve parar de levantar fundos em Nova York imediatamente, determinou o procurador-geral do Estado.

A entidade em nome de Donald Trump não tem o registro apropriado para grupos que queiram solicitar doações acima de US$ 25 mil, justificou Eric Schneiderman numa notificação de violação datada de sexta-feira (30) e divulgada nesta segunda (3).

Há meses, Trump acusa sua rival democrata, Hillary Clinton, de ter usado a máquina do governo para beneficiar doadores e funcionários da Fundação Clinton quando era secretária de Estado (2009-13).

Nas últimas semanas, contudo, sua fundação também virou uma enxaqueca eleitoral para ele. Os maiores golpes foram infligidos por uma série de reportagens do "Washington Post".

Uma delas, de setembro, mostra que o republicano cobriu despesas legais de suas empresas com US$ 258 mil a princípio separados para a caridade.

James Robinson/PennLive.com/AP
Candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump
Candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump

Um dos casos: um processo contra Mar-a-Lago, sua mansão de 118 cômodos na Flórida, "um dos clubes privados mais exclusivos do mundo", segundo o site do local. A cidade de Palm Beach entrou com uma ação para cobrar multas que somavam US$ 120 mil. A discórdia: as duas partes não concordavam sobre a altura de um mastro.

Já em 2012, Trump teria gasto US$ 12 mil de sua fundação num capacete assinado por um astro do futebol americano.

Cinco anos antes, sua mulher, Melania, deu um lance de US$ 20 mil numa pintura com quase dois metros de altura do marido, num baile de gala filantrópico.

O dinheiro, mais uma vez, teria saído dos cofres da entidade criada em 1988 por Trump. Naquele ano, o empresário do setor imobiliário disse que doaria a "moradores de rua, veteranos do Vietnã e [causas como] Aids e esclerose múltipla" parte do lucro de seu best-seller "A Arte da Negociação".

O "New York Times" já havia mostrado, em setembro, que a fundação não tem registro em vários Estados americanos.

A campanha do presidenciável vê uma agenda política na ordem judicial. O procurador Schneiderman é filiado ao partido democrata e, em 2013, entrou com uma ação civil contra o candidato republicano e sua Universidade Trump —que funcionaria sem licença e enganaria seus estudantes com táticas agressivas de venda, sem resultados à altura.

"Ainda que continuemos muito preocupados com os motivos políticos por trás da investigação do procurador Schneiderman, a Fundação Trump pretende cooperar totalmente", disse na segunda, em comunicado, Hope Hicks, porta-voz da campanha republicana.

O candidato não comentaria sobre o caso porque "a questão jurídica está em curso", afirmou Hicks.


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