Folha de S. Paulo


Juíza da Suprema Corte dos EUA vira celebridade e lança antologia

A juíza da Suprema Corte americana Ruth Bader Ginsburg navega a crista da onda de sua celebridade, tendo lançado uma compilação de seus escritos, que vão de um editorial redigido no colégio até sumários de alguns de seus pareceres discordantes mais mordazes.

Parece não haver fim ao interesse suscitado pela integrante mais velha da Suprema Corte, da ala liberal do tribunal. Há alguns meses, Ginsburg fez manchetes com as críticas que expressou ao candidato presidencial republicano, Donald Trump.

Uma biografia recente da juíza, escrita em tom divertido e intitulada "Notorious RBG", virou best-seller. Este ano foi publicado um livro infantil sobre Ginsburg. Há também um blog dedicado a ela, inúmeras camisetas e até pessoas com tatuagens de seu rosto.

A juíza comentou recentemente a respeito de sua popularidade: "É espantoso. Aos 83 anos de idade, todo o mundo quer ser fotografado comigo."

"My Own Words", uma coletânea dos escritos da juíza, será lançado na terça-feira. É algo como um álbum de maiores sucessos. É também o primeiro livro de Ginsburg desde que ela entrou para a Suprema Corte, mais de duas décadas atrás.

Os fãs dela não vão necessariamente encontrar nada de novo no livro, mas seus devotos com certeza ficarão felizes em ter 300 páginas de textos de Ginsburg reunidos em um só lugar. O livro também inclui algumas fotos, entre elas uma de Ginsburg no aparelho de ginástica elíptico usando camiseta com os dizeres "Super Diva".

O livro contém o discurso que Ginsburg fez no Jardim de Rosas da Casa Branca, em 1993, quando aceitou sua indicação para a Suprema Corte, feita pelo presidente Bill Clinton, e a declaração inicial que fez em sua audiência de confirmação no cargo. Há um sumário da decisão que ela escreveu em um processo que levou o Instituto Militar do Estado da Virgínia a ser aberto a mulheres e sua declaração de discordância em um processo envolvendo uma funcionária da fabricante de pneus Goodyear, Lilly Ledbetter, que perdeu a ação que moveu por receber salário menor que seus colegas homens.

O livro contém discursos que Ginsburg já fez sobre outras figuras de destaque, entre elas ex-colegas seus: a juíza aposentada da Suprema Corte Sandra Day O'Connor, o juiz falecido Antonin Scalia e o falecido juiz superior William Rehnquist.

Ginsburg disse que a antologia estava prevista para chegar às livrarias depois de sua biografia oficial. Mas o trabalho sobre sua biografia começou em 2003, e as biógrafas não parecem estar perto de concluí-lo, ela disse. Suas biógrafas, porém, Wendy Williams e Mary Hartnett, ajudaram a selecionar os escritos incluídos na antologia e a contextualizar apresentações.

Dedicado ao falecido marido de Ginsburg, a antologia não é o primeiro esforço da juíza como autora. Nos anos 1960, quando era uma jovem advogada, ela foi coautora de um livro sobre o direito sueco.

Parece provável que seu trabalho mais recente terá um público maior.

Tradução de CLARA ALLAIN


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