Folha de S. Paulo


Terceiro maior emissor de poluentes, Índia ratifica Acordo de Paris

A Índia, o terceiro maior emissor mundial de gases de efeito estufa, ratificou neste domingo (2) o acordo mundial sobre o clima, chamado Acordo de Paris.

O documento ratificado por Nova Déli foi apresentado na sede das Nações Unidas, em Nova York, segundo o ministro indiano do Ambiente, Anil Madhav Dave, em sua conta do Twitter. Todo o procedimento ocorreu sem cerimônias.

Roberto Schmidt-15.mar.2016/AFP
(FILES) In this photograph taken on March 15, 2016, a blanket of smog extends over a densely populated neighborhood adjacent to the main airport in New Delhi. India, the world's third biggest carbon emitter, is set to ratify the Paris agreement on climate change October 2, 2016, on the birthday of the country's famously ascetic independence leader Mahatma Gandhi. / AFP PHOTO / Roberto SCHMIDT
Camada de fumaça cobre vizinhança do aeroporto de Nova Déli, na Índia

Para promover a imagem de governo ecologista, o hindu Narendra Modi escolheu a simbólica data de 2 de outubro, aniversário do nascimento de Mahatma Gandhi, para ratificar o acordo da COP21.

O pacto tem por objetivo frear o aquecimento global, mantendo o aumento da temperatura média global abaixo de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais.

O prazo para que os países assinem o documento vai até abril do ano que vem. O acordo passará a valer 30 dias depois que 55 países, representando ao menos 55% das emissões globais, formalmente aderirem.

Com a Índia e seus 4,1% das emissões mundiais, um total de 62 países responsáveis por quase 52% das emissões totais, terão ratificado o acordo.

China e Estados Unidos, os dois países que mais contaminam, contribuíram para acelerar o processo ao assinarem o texto no início de setembro, durante uma cúpula na qual se reuniram os presidentes Xi Jinping e Barack Obama.

Por sua parte, a União Europeia (UE), com 12% das emissões, o ratificará nos próximos dias.

Argentina, Brasil e México, assim como importantes produtores de petróleo, como Brunei e Emirados Árabes, já o ratificaram.

CARVÃO

Apesar de suas promessas ecologistas, a Índia depende em grande medida de suas centrais de carvão, que cobrem cerca de 60% de sua produção de eletricidade.

O gigante do sul da Ásia deve conciliar as exigências de seu crescimento sustentável (7,6% em 2015/2016) com uma demanda energética em aumento e a necessidade de criar muitos empregos para as gerações jovens que vão se incorporando ao mercado de trabalho.

"A Índia é uma das poucas grandes economias que não prometeu abandonar o carvão", apontou Joydeep Gupta, diretor da página The Third Pole, especializada em questões ambientais e climáticas do sul da Ásia.

Para melhoras sua marca ecológica, Nova Déli fez da energia solar a pedra angular de sua estratégia, fixando o ambicioso objetivo de levar sua produção solar até os 100 gigawatts em 2022, ou seja, mais de dez vezes sua capacidade atual.

Contudo, segundo suas projeções, o carvão continuaria sendo a primeira fonte de energia da Índia.

Mas os especialistas reconhecem o compromisso do governo de Modi a favor das energias renováveis, sua política em matéria de meio ambiente deixa ainda muito a desejar, segundo eles.

"[O governo de Modi] Ignora os problemas da contaminação do ar, da água, do solo. E sua atitude não é favorável com os militantes ecologistas", aqueles que o governo, no poder desde 2014, percebe como um obstáculo ao crescimento, explicou Gupta.


Endereço da página:

Links no texto: