Folha de S. Paulo


Bebês são colocados em caixas de papelão em hospital na Venezuela

Fotos de bebês recém-nascidos colocados em caixas de papelão em um hospital na Venezuela circularam pelas redes sociais nesta semana em meio à crise de abastecimento que assola o país e desgasta o presidente Nicolás Maduro.

As imagens foram publicadas na terça-feira (20) pelo diretor de Direitos Humanos da coalizão opositora MUD (Mesa da Unidade Democrática), Manuel Ferreira, em sua conta no Twitter.

De acordo com Ferreira, as fotos foram tiradas por um funcionário do hospital Domingo Guzmán Lander, em Barcelona, no Estado de Anzoátegui (norte), que não quis ser identificado.

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Também por meio de postagens no Twitter, o presidente do IVSS (Instituto Venezuelano de Seguridade Social), Carlos Rotondaro, negou que o hospital receba bebês em caixas de papelão e disse que o IVSS —entidade que administra os hospitais— "respeita os protocolos de atenção para recém-nascidos".

Inicialmente, Rotondaro havia colocado em dúvida a veracidade das fotos. Em seguida, porém, deu a entender que as fotos poderiam ser autênticas. "De modo algum justificamos as ações tomadas de maneira imprudente por uma profissional do IVSS sem autorização da direção", escreveu Rotondaro.

O diretor do hospital, José Zurbarán, afirmou em seu Twitter que a acomodação dos bebês em caixas de papelão eram "uma situação isolada". Tanto ele como o diretor do IVSS não deram outras declarações sobre o tema.

Segundo o jornal venezuelano "El Nacional", o Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional) interrogou na noite de terça médicos e enfermeiras do hospital de Barcelona que estiveram de plantão para tentar encontrar o responsável pelo vazamento das imagens.

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Na quarta-feira (21), a conta do IVSS no Twitter postou fotos de incubadoras -vazias, no entanto- que, segundo a postagem, estão em uma sala contígua àquela onde estavam os bebês em caixas.

ESTADO CRÍTICO

A Venezuela enfrenta uma grave escassez de remédios, alimentos e produtos como papel higiênico.

O governo Maduro atribui a crise econômica a um suposto complô antissocialista e à queda da arrecadação petroleira com a queda do preço do produto desde 2014.

Para a oposição e a maioria dos economistas, a crise é anterior à queda do petróleo e resulta da má gestão e das políticas chavistas como ataques ao setor produtivo e controles de preço e de câmbio.

O FMI (Fundo Monetário Internacional) projeta que a inflação venezuelana em 2016 chegará a 720%.

Na semana passada, Maduro prorrogou por mais 60 dias o estado de exceção por emergência econômica no país.


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