Folha de S. Paulo


Grupo de brasileiros é recebido por um Assad 'tranquilo e equilibrado'

Nesta quarta-feira (21), enquanto a Rússia, aliada da Síria, e os EUA trocavam acusações sobre a responsabilidade pelo bombardeio a um comboio humanitário que deixou 20 mortos na última segunda, um grupo de 14 brasileiros era recebido por um "extremamente tranquilo e seguro" Bashar Al-Assad numa residência oficial em Damasco.

"Me surpreendeu a forma atenciosa, espontânea com que ele nos recebeu", disse Aziz Jarjour, presidente da Federação das Entidades Americano-Árabes, por telefone, de Damasco. "Ele é extremamente tranquilo e seguro, muito equilibrado, uma presença de espírito muito bacana."

Divulgação/Presidência da Síria
Missão brasileira liderada por Jarjour (à esq. de Assad, que está ao centro) se reúne com o sírio
Missão brasileira liderada por Jarjour (à esq. de Assad, que está ao centro) se reúne com ditador sírio

A Síria vive uma guerra civil há mais de cinco anos, que já deixou, segundo a ONU, cerca de 400 mil mortos. Damasco, com a ajuda da Rússia, combate a facção terrorista Estado Islâmico, mas também grupos opositores. A coalizão liderada pelos EUA apoia a oposição síria e tem atacado o EI.

O grupo liderado por Jarjour, que conversou com o ditador sírio por mais de uma hora, foi ao país para entregar as doações de sete ambulâncias e 150 cadeiras de rodas que conseguiu arrecadar entre descendentes de sírios e libaneses no Brasil.

Segundo Jarjour, Assad "naturalmente" demonstra preocupação com a situação do país, mas está "extremamente confiante" de que está fazendo "o que deve fazer".

Na conversa, diz ele, Assad falou sobre o que considera ter levado a Síria à guerra: "interesses externos, do ponto de vista logístico e econômico".

Também discorreu sobre o futuro. "A perspectiva [de Assad] é que em breve a Síria vai estar em paz novamente", disse Jarjour. O ditador, porém, não explicou como. "As coisas estão melhorando, a violência diminuiu bem."

Jarjour disse ter sentido uma "grande estabilidade" em Damasco. "Tudo está funcionando normal, o comércio está aberto. Mas é um país em guerra, então as pessoas têm no semblante uma preocupação."

A tranquilidade, segundo ele, é vista até entre o entourage de Assad. A rua residencial em que o grupo foi recebido não foi isolada durante a reunião. "Vi muitas autoridades com mais segurança que ele."


Endereço da página:

Links no texto: