A agência de assistência humanitária da ONU suspendeu nesta terça (20) todos os seus comboios na Síria. A medida foi tomada após os ataques aéreos a caminhões de ajuda ocorridos na segunda-feira (19), que deixaram ao menos 20 mortos.
A ONU confirmou que o comboio de caminhões da entidade e do Crescente Vermelho foi atingido. A agência de ajuda humanitária afirmou que o ataque, ocorrido perto da cidade de Aleppo, partiu de aviões russos ou sírios. Os EUA também culparam Moscou, que negou envolvimento.
Omar Haj Kadour/AFP | ||
Caminhão que fazia parte de comboio de ajuda humanitária na Síria atingido por bombas aéreas |
Em Genebra, o porta-voz do ONU, Jens Laerke, disse que o retorno das entregas de ajuda humanitária dependeria de uma reavaliação das condições de segurança na Síria após o incidente.
Funcionários da ONU disseram que o comboio foi prestar assistência para 78 mil pessoas na cidade de Uram al-Kubra, a oeste de Aleppo. As estimativas iniciais indicam que cerca de 18 dos 31 caminhões foram atingidos, bem como o depósito do Crescente Vermelho na área.
Em seu último discurso na Assembleia Geral à frente das Nações Unidas, o secretário-geral Ban Ki-moon condenou duramente o ataque "doentio, selvagem e aparentemente deliberado" ao comboio. "Justo quando você pensa que não pode ficar pior, o limite da depravação afunda mais um pouco."
Damasco respondeu, afirmando que a ONU sob Ban Ki-moon "se desviou de seu papel em encontrar soluções justas para problemas internacionais". O Ministério das Relações Exteriores sírio afirmou, em nota, que o povo sírio tem direito à autodeterminação e "não precisa do conselho de Ban".
CESSAR-FOGO
O ataque ocorreu no mesmo dia que o Exército sírio anunciou o fim do cessar-fogo no país.
Iniciado no dia 12 e com previsão de duração de sete dias, o cessar-fogo na Síria vinha sendo violado desde o final da semana passada.
A situação se agravou no sábado (17), quando bombardeios aéreos da coalizão internacional liderada pelos EUA mataram ao menos 62 soldados do regime.
Assad classificou a ação como "flagrante agressão". Para ele, o incidente mostrou um "crescente apoio dos países opositores da Síria aos terroristas".
O ditador afirmou ainda que os EUA, potências europeias e regimes sunitas como o da Arábia Saudita, que integram a coalizão internacional, "fazem tudo ao seu alcance" para manter a guerra civil.