Folha de S. Paulo


Três ataques em 24h deixam EUA em alerta às vésperas de reunião da ONU

Três ataques em menos de 24 horas deixaram os EUA em estado de alerta às vésperas da Assembleia Geral da ONU, que a partir desta terça (20) receberá dezenas de chefes de Estado.

Tudo ocorreu no sábado (17). Pela manhã, um artefato explodiu no lugar marcado para uma corrida de rua, numa cidade litorânea de Nova Jersey, sem atingir ninguém.

Em Nova York, por volta das 21h30 (hora de Brasília), uma bomba caseira colocada em uma lixeira deixou 29 feridos na rua 23, entre as 6ª e 7ª avenidas, em Chelsea, bairro conhecido por galerias de arte e bares LGBT. Todas as vítimas já deixaram o hospital.

No mesmo dia, um homem esfaqueou nove pessoas num shopping em St. Cloud (Minnesota). O ataque foi reivindicado pela facção terrorista Estado Islâmico, que identificou o agressor como um de seus "soldados".

Em Chelsea, a polícia encontrou uma segunda bomba, a quatro quadras da explosão.

O dispositivo parecia ser uma panela de pressão, à qual alguém acoplou fitas, fios e um aparelho que seria um celular. Havia um pedaço de papel, cujo conteúdo não foi revelado.

No domingo (18), policiais disseram ao "New York Times" que a bomba da rua 23 também era feita com uma panela de pressão, com estilhaços e balas de metal, pedaços de celular e luzes de Natal.

Autoridades têm em mãos um vídeo que mostra o mesmo homem, com uma mala de mão, no lugar da explosão e, dez minutos depois, onde a segunda bomba foi achada.

Está sob investigação possível conexão entre os casos de Chelsea e Nova Jersey –lá acharam três bombas, também acionáveis por celular e deixadas em uma lixeira.

"Estamos sempre em estado de alerta por sermos o alvo número um", disse o chefe da polícia de Nova York, James O'Neill, no cargo há quatro dias.

Ataques nos arredores de Nova York

TERRORISMO

As definições do ataque feitas pelo prefeito Bill de Blasio e o governador Andrew Cuomo contrastaram. Blasio disse que o ato foi "intencional", mas resistiu a chamá-lo de terrorismo, enquanto Cuomo afirmou que "obviamente [o] é". O governador, porém, ressaltou não haver provas de que grupos internacionais estejam por trás do atentado.

"Foi político? Motivação pessoal? Apenas não sabemos", disse Blasio. Nenhum grupo terrorista havia reivindicado a autoria do ataque até domingo (18).

No sábado, os nova-iorquinos reviveram o clima de medo. Helicópteros sobrevoavam a cidade na madrugada de domingo, tomada por sirenes de viaturas e de ambulâncias.

A polícia recebeu reforço de mil agentes e interditou, até a noite de domingo, ruas próximas à cena do crime.

Jay Ramirez, 48, observava o trabalho dos policiais com um binóculo. Ele disse à Folha que, minutos antes da bomba, comprou uma das famosas pizzas de US$ 1 da cidade, na rua 23. "Os políticos dizem que está tudo sob controle. Uma ova. Basta um louco e tudo vai pelos ares."

A presidenciável democrata, Hillary Clinton, condenou os "aparentes ataques terroristas". O republicano Donald Trump disse que o país precisa ficar "esperto e vigilante".


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