Folha de S. Paulo


Alto comissário das Nações Unidas acusa Trump de espalhar preconceito

Carlo Allegri/Reuters
Republican presidential nominee Donald Trump speaks at a campaign rally in Tampa, Florida, U.S., August 24, 2016. REUTERS/Carlo Allegri ORG XMIT: CRA110
O candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump, em evento de campanha na Flórida

O alto comissário da ONU para Direitos Humanos acusou o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, de espalhar um "preconceito racial e religioso humilhante" e alertou para o perigo de políticas populistas tornarem-se violentas.

Durante conferência sobre segurança e Justiça nesta segunda (5), o alto comissário das Nações Unidas Zeid Ra'ad Al Hussein criticou o líder holandês de extrema direita Geert Wilders e outros "populistas, demagogos e fantasiosos políticos".

Citando Trump, o britânico Nigel Farage e a francesa Marine Le Pen, entre outros, Hussein afirmou que eles usam a tática do medo de modo semelhante ao que é feito pela facção terrorista Estado Islâmico, também chamada de Daesh.

Renato Costa/Folhapress
BRASILIA, DF, MUNDO-04/12/2015-Entrevista com comissário da ONU para Direitos Humanos,Zeid Raad AL Hussein. (Foto: Renato Costa/Folhapress, PODER)
O alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Raad al-Hussein, em entrevista em dezembro

"Não se enganem, eu não estou dizendo que as ações de demagogos nacionalistas são iguais às do Daesh", disse Hussein. "Mas, em seu modo de comunicação, no uso de meias verdades e simplificações exageradas, a propaganda do Daesh usa táticas parecidas com aquelas utilizadas por esses populistas."

"A história talvez tenha mostrado ao sr. Wilders com quanta eficiência a xenofobia e o preconceito podem ser transformados em armas", afirmou. "A atmosfera vai tornar-se pesada com o ódio, e nessa altura ela pode transformar-se rapidamente em colossal violência", alertou.

HILLARY

Nesta segunda, a adversária de Trump na corrida à Casa Branca, Hillary Clinton, disse que as declarações de Trump sobre imigração, feitas na semana passada no Arizona, "foram cheias de ódio e um discurso extremista".

Para a democrata, a visita do bilionário ao presidente do México, Enrique Peña Nieto, foi "um incidente internacional constrangedor". Ela disse ainda que Trump deve abrir mão de usar a deportação para ameaçar imigrantes ilegais.

Horas antes, o republicano disse que o discurso sobre imigração no Arizona, em que reiterou sua posição sobre a construção de um muro na fronteira com o México, foi inspirado "pelo entusiasmo da plateia".

Líderes latinos do Partido Republicano se sentiram traídos pelo discurso, já que a proposta de Trump acaba com a possibilidade de regularização para os estrangeiros indocumentados.

Em entrevista, Hillary se disse preocupada com o que chamou de "informações confiáveis" de que há interferência russa na eleição americana e acusou Trump de ter uma fissura com ditadores.

"Nós nunca tivemos uma potência estrangeira adversária envolvida no nosso processo eleitoral. Nós nunca tivemos um dos candidatos de um de nossos grandes partidos pedindo que a Rússia invadam mais sistemas."

Hussein classificou como "grotesca" a promessa eleitoral de Wilders de banir imigrantes islâmicos e o Corão do país.

Wilders lidera as pesquisas de intenção de voto para as próximas eleições parlamentares na Holanda. Entre os pontos centrais de sua campanha estão o fechamento da fronteira do país a imigrantes, o fim de mesquitas e o banimento ao Corão. Ele também pretende sair da União Europeia.


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