Folha de S. Paulo


G20 promete ajustes econômicos, mas oferece poucas medidas concretas

Os líderes das principais economias do mundo concordaram, em uma cúpula na China nesta segunda-feira (5), com a coordenação de políticas macroeconômicas e com a oposição ao protecionismo, mas poucas propostas concretas surgiram para atender aos crescentes desafios da globalização e do livre-comércio.

A reunião de dois dias na cidade cênica chinesa de Hangzhou levou os membros do G20 a concordarem com a oposição ao protecionismo, com o presidente chinês, Xi Jinping, pedindo que as principais economias impulsionem o crescimento por meio da inovação, não apenas medidas fiscais e monetárias.

Greg Baker/AFP
(Front row L-R) Brazil's President Michel Temer, Indonesia's President Joko Widodo, Mexico's President Enrique Pena Nieto, South Africa's President Jacob Zuma, US President Barack Obama, German Chancellor Angela Merkel, China's President Xi Jinping, Turkey's President Recep Tayyip Erdogan, Russia's President Vladimir Putin, French President Francois Hollande, South Korea's President Park Geun-Hye, Argentina's President Mauricio Macri, India's Prime Minister Narendra Modi; (2nd Row L-R) Saudi Arabia's Deputy Crown Prince and Minister of Defense Muhammad bin Salman Al Saud, Britain's Prime Minister Theresa May, Australia's Prime Minister Malcolm Turnbull, Italy's Prime Minister Matteo Renzi, Laos' President Bounnhang Vorachith, Kazakhstan's President Nursultan Nazarbayev, Chad's President Idriss Deby, Senegal's President Macky Sall, Egypt's President Abdel Fattah al-Sisi, Japan's Prime Minister Shinzo Abe, Canadian Prime Minister Justin Trudeau, European Council President Donald Tusk, President of the European Commission Jean-Claude Juncker; (3rd row L-R) Argentina's President Mauricio Macri, (unknown), IMF Managing Director Christine Lagarde, Thailand's Prime Minister Prayut Chan-O-Cha, Singapore's Prime Minister Lee Hsien Loong, Spain's Prime Minister Mariano Rajoy, UN Secretary-General Ban Ki-Moon, and three others pose for family photo in Hangzhou on September 4, 2016. World leaders are gathering in Hangzhou for the 11th G20 Leaders Summit from September 4 to 5. / AFP PHOTO / Greg BAKER
Presidente brasileiro Michel Temer (esq.) posa ao lado dos líderes do G20, em cúpula na China

"O nosso objetivo é retomar motores de crescimento do comércio e do investimento internacional", disse Xi em uma declaração de encerramento. "Vamos apoiar mecanismos de comércio multilateral e nos opor ao protecionismo para reverter declínios no comércio global."

COREIA DO NORTE

Discussões na reunião foram distraídas pelo disparo-teste da Coreia do Norte de três mísseis balísticos de médio alcance, em um lembrete dos riscos para a segurança global.

A Coreia do Norte testou mísseis em momentos sensíveis no passado para chamar a atenção para seu poderio militar. Mas o lançamento de segunda-feira arriscou ser embaraçoso para seu principal aliado, Pequim, que fez enormes esforços para garantir uma reunião de cúpula tranquila em Hangzhou.

Pequim disse esperar que as principais partes envolvidas evitassem tomar quaisquer ações que pudessem aumentar as tensões. Os Estados Unidos classificaram o lançamento de imprudente, enquanto o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse ao presidente norte-americano, Barack Obama, que era imperdoável.

SÍRIA

Em outras frentes, os Estados Unidos tentaram, mas não conseguiram, finalizar um acordo com a Rússia para um cessar-fogo na Síria, nos bastidores da cúpula.

Obama e o presidente russo, Vladimir Putin, tiveram uma discussão mais longa do que o esperado sobre se, e como, eles poderiam chegar a um acordo, disse uma importante autoridade do governo dos EUA.

E o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o chanceler russo, Sergei Lavrov, foram incapazes, em conversas nesta segunda-feira, de chegar a um acordo sobre um cessar-fogo pela segunda vez em duas semanas. Eles se reunirão novamente ainda nesta semana.

AÇO

O G20 pediu a formação de um fórum global para tomar medidas para lidar com o excesso de capacidade de aço e incentivar ajustes, disse a Casa Branca em um comunicado, um dos temas polêmicos discutidos na cúpula.

A China responde por metade da produção anual mundial de 1,6 bilhão de toneladas de aço e tem lutado para diminuir sua estimativa de 300 milhões de toneladas de capacidade excedente, ao mesmo tempo em que o aumento dos preços tem dado às empresas um incentivo para aumentar a produção para exportação.

Participando de sua primeira cúpula do G20, a primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que os governos precisam "fazer mais para garantir que os trabalhadores realmente se beneficiem das oportunidades criadas pelo livre-comércio."

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional Internacional (FMI), Christine Lagarde, falando após a cúpula, também disse que um crescimento mais inclusivo era uma prioridade na economia global.

"Precisamos de um maior crescimento, mas ele precisa ser mais equilibrado, mais sustentável e inclusivo, de modo a beneficiar todas as pessoas", disse ela.


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