Folha de S. Paulo


Hillary nunca pediu para usar e-mail privado, aponta relatório do FBI

O FBI (polícia federal americana) liberou nesta sexta-feira (2) um relatório de 58 páginas sobre sua recém-concluída investigação do uso de um e-mail privado da candidata democrata à Presidência dos EUA, Hillary Clinton, enquanto ela ocupava o cargo de secretária de Estado.

A investigação concluiu que Hillary nunca pediu permissão para usar uma conta privada de e-mail. Contudo, o FBI decidiu não denunciá-la à Justiça americana.

Apesar de ela e seus assessores terem sido "extremamente descuidados" no tratamento de informações confidenciais, afirmou em julho o diretor do FBI, James Comey, não havia evidências de que eles agiram de má fé.

Steve Pope/AFP
DES MOINES, IA Ð AUGUST 10: Democratic presidential nominee Hillary Clinton greets supporters after her talk about her economic plan, August 10, 2016 in Des Moines, Iowa. It was Clinton's first trip back to Iowa since winning the Iowa Caucus. Steve Pope/Getty Images/AFP == FOR NEWSPAPERS, INTERNET, TELCOS & TELEVISION USE ONLY ==
A democrata Hillary Clinton tira uma selfie com eleitoras durante comício no Estado do Iowa

A democrata repetidamente disse que o uso havia sido autorizado. Contudo, ao ser interrogada pelo FBI, em 2 de julho, Hillary afirmou que ela "nunca havia explicitamente pedido permissão para usar um servidor privado ou um e-mail privado", segundo o documento tornado público nesta sexta.

Hillary disse que ninguém no Departamento de Estado levantou suspeitas durante seu mandato e que todos com quem ela trocara e-mails sabiam que ela estava usando um endereço privado.

Funcionários de seu gabinete ouvidos pelo FBI, entretanto, afirmaram que muitos dos e-mails de Hillary apareciam apenas com o remetente "H" e não mostravam o endereço privado do e-mail dela (@clintonemail.com).

CONCUSSÃO

No interrogatório, Hillary afirmou ainda que não se lembrava de todos os detalhes das orientações que recebeu na transição para deixar o Departamento de Estado, que chefiou de 2009 até o início de 2013.

"Clinton afirma que ela não recebeu instruções ou direções em relação à preservação ou produção de registros do Departamento de Estado durante a transição para a sua saída como secretária de Estado em 2013", diz o relatório.

"No entanto, em dezembro de 2012, Clinton sofreu uma concussão e perto do Ano-Novo teve um coágulo de sangue [na cabeça]. De acordo com a orientação do seu médico, ela apenas poderia trabalhar no Departamento poucas horas por dia e não poderia se lembrar de todas as instruções que recebia", completa o documento.

BLACKBERRY

No relatório consta também que Hillary contactou o ex-secretário de Estado Colin Powell (2001-2005) para perguntar sobre o uso que ele fez de um telefone BlackBerry. Em sua resposta a Hillary, por e-mail, Powell disse para ela ser "muito cuidadosa", porque os e-mails relacionados ao trabalho que ela enviada do BlackBerry poderiam se tornar públicos.

Os documentos divulgados nesta sexta incluem ainda detalhes técnicos de como o servidor do e-mail privado foi instalado no porão da casa de Hillary em Chappaqua, no Estado de Nova York. Diversos trechos do relatório, no entanto, foram omitidos.

A divulgação é incomum em se tratando de uma investigação do FBI, mas reflete o grande interesse público no caso em meio à disputa presidencial americana.

Seu rival republicano, Donald Trump, constantemente cita o caso em seus discursos e já chamou Hillary de "mentalmente inadequada" para o cargo de presidente dos Estados Unidos.


Endereço da página:

Links no texto: