Folha de S. Paulo


Pai de menino sírio afogado lamenta passividade ante morte de refugiados

2.set.2015 - Associated Press
In this Wednesday, Sept. 2, 2015 file photo, a paramilitary police officer investigates the scene before carrying the body of 3-year-old Aylan Kurdi from the sea shore, near the beach resort of Bodrum, Turkey. A number of migrants are known to have died and some are still reported missing, after boats carrying them to the Greek island of Kos capsized. (AP Photo/DHA, File) TURKEY OUT ORG XMIT: NY471
Em setembro de 2015, o corpo do menino sírio Alan Kurdi, 3, apareceu em uma praia da Turquia

O pai do garoto sírio Alan Kurdi, 3, cuja morte no ano passado gerou comoção internacional, lamentou nesta quarta-feira (31) que refugiados continuam morrendo no mar, mas ninguém faz nada.

"Depois da morte da minha família, os políticos afirmaram: 'Nunca mais'", disse Abdullah Kurdi, 41, em entrevista ao jornal alemão "Bild". Além de Alan, ele perdeu a mulher Rehab, 35, e o filho mais velho Galip, 5, afogados na costa turca depois do naufrágio de sua embarcação.

"Todos queriam fazer algo depois da foto que tanto comoveu", afirmou, ao recordar a imagem do filho morto na praia de Bodrum.

"Mas o que acontece agora? As mortes continuam e ninguém faz nada", completou Abdullah, cuja família está enterrada em Kobani, uma cidade síria próxima da fronteira com a Turquia.

Ele não lamenta, no entanto, a divulgação da foto do filho mais novo, por considerar que "uma coisa assim deve ser mostrada para que as pessoas vejam claramente o que acontece".

"O horror na Síria tem que terminar. As tragédias do exílio também", completou. Morando atualmente em Erbil, no Curdistão iraquiano, o pai de Alan e Galip sente que está mais seguro do que antes, mas "para fazer o que", questiona.

OMRAN

Há duas semanas, também gerou comoção mundial a imagem do menino sírio Omran Daqneesh, 5, sentado em uma ambulância.

Ele foi vítima de um ataque aéreo em Aleppo, no norte da Síria. O bombardeio ocorreu em um bairro controlado pelos rebeldes opositores do ditador sírio Bashar al-Assad, em meio à guerra civil que consome o país há cinco anos.

Seu irmão mais velho, Ali Daqneesh, 10, ferido no mesmo ataque, morreu dias depois, após sofrer uma hemorragia interna.


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