Folha de S. Paulo


Atletas venezuelanos voltam da Olimpíada com remédios e alimentos

Atletas venezuelanos que participaram dos Jogos Olímpicos no Rio aproveitaram a viagem para voltar com alimentos e remédios para casa, já que o país vive uma grave crise de desabastecimento.

"Eu estou aqui [no Rio] para pensar na competição, mas claro que aproveitei para levar para casa coisas que precisamos", afirmou à agência Reuters o velejador Jose Gutierrez, que mora em Caracas e disse que levaria remédios para a família.

A jogadora do vôlei de praia Norisbeth Agudo contou que familiares e amigos pediram para ela trazer do Rio remédios e cosméticos.

Boris Vergara/Xinhua
O boxeador venezuelano Yoel Finol, bronze no Rio, é recebido pelo presidente Nicolás Maduro
O boxeador venezuelano Yoel Finol, bronze na Rio-2016, é recebido pelo presidente Nicolás Maduro

Alguns evitaram falar sobre temas políticos. "Para evitar ser controverso, eu prefiro não falar sobre o assunto", disse o jogador de basquete Gregory Echenique. Ele descreveu a situação na Venezuela como dura e afirmou que grande parte de sua família se mudou para os Estados Unidos.

A Venezuela terminou a Olimpíada com três medalhas —uma de prata (salto triplo) e duas de bronze (boxe e ciclismo BMX). A delegação do país era composta por 86 atletas.

Os relatos de torcedores venezuelanos que foram até o Rio são semelhantes.

"Eu vou aproveitar e comer tudo o que não consigo lá: salmão, bacalhau —faz anos que não vejo bacalhau por lá— e um bom churrasco", afirmou Juan Carlos, 36, enquanto assistia a um jogo de basquete. Ele disse que também levaria para casa remédios e produtos de higiene.

HERÓIS

Os atletas venezuelanos que voltaram do Rio foram recebidos como heróis em evento nesta segunda-feira (22) pelo presidente Nicolás Maduro.

"Felicidades, meninas! Felicidades, meninos! Viva os nossos atletas! Viva o esporte venezuelano! Viva a juventude!", afirmou Maduro em ato no Palácio de Miraflores, em Caracas, durante o qual anunciou a entrega de uma casa para cada atleta que participou da Rio-2016.

Federico Parra/AFP
Presidente venezuelano recebe a ciclista Stefany Hernández, medalhista de bronze no BMX na Rio-2016
Presidente venezuelano recebe a ciclista Stefany Hernández, medalhista de bronze no BMX na Rio-2016

A medalhista de prata, Yulimar Rojas, não estava presente porque iria competir na Liga de Diamante do atletismo, na Suíça.

Maduro anunciou que já aprovou recursos para iniciar o planejamento rumo à Olimpíada de Tóquio-2020, incluindo bolsas de estudo em dólares, mas não especificou o montante.

O presidente venezuelano aproveitou os Jogos Olímpicos para aumentar o número de aparições televisivas.

Em pronunciamento transmitido na semana passada, por exemplo, Maduro creditou a conquista da prata por Rojas às ações estatais —em maio deste ano, a atleta havia ganhado um carro do governo.

"Alguns anos atrás essa garota estava em Barcelona [Venezuela], e o programa social 'Missão dos Esportes na Favela chegou, a descobriu e deu todo o apoio do mundo. Graças a quem? À Revolução Bolivariana, ao nosso comandante [Hugo] Chávez e à revolução esportiva."


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