Folha de S. Paulo


É impossível isentar turcos de visto para a UE, diz premiê húngaro

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, afirmou neste domingo (21) que "é impossível" isentar os turcos de visto para entrar na União Europeia (UE).

Um dos pontos do acordo entre a UE e a Turquia para estancar o fluxo de refugiados foi a eliminação da necessidade de vistos para os turcos entrarem na Europa. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que, caso a UE não cumpra seu acordo, ele pode liberar ônibus de refugiados para entrarem na UE.

"Os países europeus não podem cumprir essa promessa que fizeram à Turquia", disse Orban à Folha. O líder húngaro está no Rio para o encerramento dos Jogos Olímpicos.

AFP / ATTILA KISBENEDEK
Hungarian Prime Minister Viktor Orban addresses a press conference at the Delegation Hall of the parliament building in Budapest on February 24, 2016. Hungary will hold a referendum on whether to accept mandatory EU quotas for migrants, Prime Minister Viktor Orban said, protesting that Brussels has no right to
Premiê húngaro, Viktor Orban, em coletiva de imprensa em Budapeste, em fevereiro

Ele afirmou que a questão de isentar de vistos os turcos "é um enorme problema, uma questão delicada", mas que não está preocupado com a ameaça turca. "A Turquia não pode fazer isso porque a fronteira húngara é a porta de entrada para a Europa, e nós defendemos nossa fronteira 100%", disse.

Recentemente, Orban afirmou que o republicano Donald Trump tem a melhor política externa para a UE. No domingo (21), em recepção no Itamaraty do Rio, o chanceler José Serra perguntou a Orban: "É verdade que você apoia Trump?" O húngaro teria respondido que sim, que essa é a posição de seu partido.

À Folha, Orban afirmou: "Sim, a política externa de Trump seria melhor para nós. Os democratas acham que não deveria haver controle da entrada de migrantes na Europa, o que é muito perigoso. Trump defende o controle dos migrantes. E ele é contra a política de construir democracias em outros países, e eu concordo com ele."

Ele defendeu o mandato de Erdogan e a estabilidade na Turquia. "Se a Turquia não tiver estabilidade, toda a região terá problemas. Precisamos apoiar o governo turco."

Mas o húngaro afirmou que a aprovação da pena de morte pelo governo turco, que está em estudo, inviabilizaria a entrada do país na UE.

CASO BRASILEIRO

Sobre o processo de impeachment no Brasil, Orban disse: "Defendemos que o processo seja concluído o mais rápido possível, para que haja uma sociedade e um governo estáveis. O Brasil precisa ser estável, é um país com muita força, tem recursos naturais e ótimo perfil demográfico, não tem problema de envelhecimento populacional como a Europa", afirmou.

Indagado se a entrada de refugiados não ajudaria a solucionar o problema demográfico na UE, foi taxativo: "Nunca. Eles podem causar um problema mais sério, porque eles constroem uma sociedade paralela na Europa. Os migrantes chegam com um conceito cultural diferente, e essas sociedades paralelas sao perigosas e desestabilizadoras para os países da UE. Queremos manter o caráter do povo húngaro como uma sociedade integrada."


Endereço da página:

Links no texto: