Folha de S. Paulo


Alemanha prepara pacote de medidas antiterror após série de atentados

O Ministério do Interior da Alemanha planeja apresentar nesta quinta-feira (11) um pacote de medidas que endurece seu aparato de segurança, após uma sequência de atentados o país.

Entre 18 e 26 de julho, dez pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na Alemanha em quatro ataques diferentes. Duas das ações —sem mortos— foram reivindicadas pela facção terrorista Estado Islâmico, e três dos suspeitos estavam no país em busca de asilo, segundo informações de agências de notícias.

O mais mortífero dos ataques (um homem em Munique matou a tiros nove pessoas nas imediações em um shopping e suas imediações), porém, não foi reivindicado por nenhuma facção e foi cometido por um alemão filho de iranianos.

As medidas em discussão incluem acelerar o processo de deportação de estrangeiros e romper o sigilo médico nos casos em que há suspeita de ameaça à segurança.

A Alemanha recebeu mais de 1 milhão de imigrantes e refugiados no ano passado, a maior parte deles muçulmanos fugindo de conflitos ou pobreza no Oriente Médio, no Afeganistão ou na África.

Depois dos ataques de julho, a política da chanceler alemã Angela Merkel passou a ser duramente criticada.

De acordo com a mídia alemã, o pacote a ser apresentado pelo ministro Thomas de Maizière pode entrar em vigor mesmo sem a aprovação da câmara baixa do Parlamento, em meados de 2017.

Também estão em debate aumentar em 15 mil o número de policiais até 2020 e endurecer seu armamento, além de incrementar a vigilância por câmera em lugares públicos e retirar a dupla nacionalidade de cidadãos.

Pode ser proposto, ainda, proibir as burcas, vestimenta islâmica que cobre todo o corpo usada por parte das mulheres muçulmanas.

DEPORTAÇÕES

A notícia sobre o pacote estudado pelo governo Merkel coincide com o recrudescimento do controle fronteiriço no país. A Alemanha recusou, no primeiro semestre de 2016, 50% mais pessoas em suas fronteiras em comparação com todo o ano de 2015.

No ano passado, 8.913 pessoas haviam sido impedidas de entrar no país. Nos seis primeiros meses de 2016, foram 13.324. Houve 20.888 deportações em 2015, enquanto 13.743 foram deportados no primeiro semestre de 2016.

Há constantes críticas a essas medidas no Parlamento alemão, com políticos referindo-se a elas como "irresponsáveis", por devolver refugiados a zonas de conflito.

Também no contexto do recrudescimento das medidas de segurança, houve na manhã desta quarta-feira uma série de buscas por suspeitos de extremismo. Não há informações sobre detenções. Segundo a Procuradoria-Geral, alguns dos alvos eram pregadores radicais.

A revista alemã "Der Spiegel" publicou, no início desta semana, reportagem sobre ex-membros do Estado Islâmico que têm colaborado com as forças de segurança alemãs, atraindo a ira de militantes da organização.

As informações, valiosas ao governo em sua luta contra o terrorismo, ajudam a entender motivações e procedimentos de recrutas rumo à milícia terrorista, que tem sua base em um extenso território incluindo partes da Síria e do Iraque.


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