Folha de S. Paulo


'Brexit' é visto como erro britânico e preocupa europeus, aponta pesquisa

Pouco mais de um mês após os britânicos aprovarem em plebiscito a decisão de separar o Reino Unido da União Europeia, países do bloco econômico veem com preocupação o processo de rompimento.

Segundo uma pesquisa realizada pelo instituto Ipsos em 16 países, a maior parte da opinião internacional interpreta a escolha britânica como um erro para o próprio Reino Unido e para a UE.

Mais da metade dos entrevistados acham que a decisão foi um equívoco e vai ter efeitos negativos para os britânicos e para a Europa. No total, 58% dos entrevistados em países da União Europeia acham que a decisão britânica foi um erro para o bloco econômico.

Kacper Pempel/Reuters
Palácio da Cultura e Ciência da Polônia ficou decorado com bandeira britânica na véspera do plebiscito no Reino Unido
Palácio da Cultura da Polônia ficou decorado com bandeira britânica na véspera do plebiscito

A pesquisa ouviu adultos em 16 países: Bélgica, França, Reino Unido, Alemanha, Hungria, Itália, Polônia, Espanha e Suécia na Europa, além de Canadá, Estados Unidos, Japão, Rússia, Índia, Austrália e África do Sul.

Os resultados indicam que o nível de preocupação é maior entre a população de países na UE, mas que mesmo fora do bloco há uma grande proporção de pessoas que interpretam a decisão inglesa como um equívoco. O ponto fora da curva é a Rússia, que tem uma opinião mais favorável ao "brexit".

EFEITOS INTERNACIONAIS

Muitos europeus se preocupam com os possíveis efeitos do "brexit" sobre o Reino Unido, a Europa e até seus próprios países.

Metade dos entrevistados acham que a escolha dos britânicos vai afetar a situação dos seus países. A preocupação é maior especialmente na Polônia, onde quase seis em cada dez pessoas veem como um erro a decisão, e na Espanha e na Suécia, onde 55% dos ouvidos acham que o "brexit" vai ser ruim para seus países.

A Rússia foi o único dos 16 países em que a pesquisa foi realizada que acha que a decisão britânica foi acertada. O percentual de russos que acham o "brexit" positivo chega a 54%, uma proporção maior do que a dos próprios britânicos que concordam com a decisão (38%).

Uma grande parcela dos europeus diz ainda estar triste com a decisão britânica. O sentimento é mais forte na Suécia, onde 48% dos entrevistados lamentaram o "brexit", e menor na França, onde apenas um a cada quatro entrevistados se disse triste com a saída britânica da União Europeia.

Fora da União Europeia, a Rússia, mais uma vez, foi o país que se demonstrou menos afetado pelo "brexit". Apenas 6% dos russos se disseram tristes com a decisão britânica.

'Brexit' - o plebiscito britânico

EFEITO DOMINÓ

Além da preocupação a respeito de impactos da separação britânica na economia dos países europeus, a pesquisa revelou que há uma percepção de que a decisão do Reino Unido pode levar a um efeito dominó de rompimentos com o bloco.

Para 42% dos entrevistados no mundo, a União Europeia vai ser um bloco menos integrado em 2020 por causa da decisão britânica de se separar. Para 41% dos entrevistados em países da Europa, o "brexit" vai levar mais países a avaliarem a possibilidade de se separar da UE.

Esta sensação é especialmente grande entre os próprios britânicos. Seis a cada dez entrevistados no Reino Unido acreditam que haverá efeito dominó. Italianos (43%) e franceses (42%) também acreditam nesse impacto do "brexit".

A Espanha é o país com menor proporção de entrevistados preocupados com o efeito dominó, apenas 36%.

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada pelo sistema online da Ipsos. O levantamento ouviu 12.525 pessoas em 16 países entre os dias 24 de junho e 8 de julho, buscando refletir a população de cada país.

A margem de erro varia entre 3,5 pontos e 5 pontos percentuais (para mais ou para menos) dependendo do país citado.

O levantamento usou uma amostra menor na Bélgica, na Hungria, na Índia, na Polônia, na Rússia, na África do Sul e na Suécia, onde a margem de erro é mais alta.


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