Folha de S. Paulo


Lojas na Índia vendem vídeos de estupros em meio a onda de violência

Vídeos de estupros coletivos estão sendo vendidos em lojas do Estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia, em meio a uma onda de violência contra mulheres que tem aumentado o coro pela renúncia do ministro-chefe estadual.

Os clipes, que têm duração entre 30 segundos e cinco minutos, são vendidos "às centenas, talvez milhares, todos os dias", de acordo com o jornal "Times of India". Eles custam de 50 a 150 rúpias (R$ 2 a R$ 7) cada.

"Estamos cientes. Estamos tomando as ações necessárias. Mas é difícil, já que as vendas acontecem de forma irregular", afirmou à Reuters Ajay Sharma, inspetor-assistente da polícia da cidade de Agra, maior cidade do Estado.

Nas últimas semanas, diversos estupros coletivos foram reportados em Uttar Pradesh, Estado mais populoso da Índia, com cerca de 215 milhões de habitantes, e um dos mais violentos para mulheres.

O ministro-chefe do Estado, Akhilesh Yadav, vem sendo criticado pelo aumento do número de crimes contra mulheres. A hashtag #LawlessUP (UP sem lei) esteve entre as mais citadas no Twitter.

No mês passado, uma estudante de 21 anos foi estuprada no Estado vizinho de Haryana por homens que já a haviam violentado anos antes.

Em 2014, segundo dados oficiais, houve 337.922 relatos de violência contra mulher, incluindo estupro, abuso e sequestro —aumento de 9% em relação ao ano anterior.

Vítimas de estupro na Índia sofrem grande estigma e enfrentam um sistema judiciário arcaico e insensível, afirmam ativistas feministas.

Durante lentos julgamentos, vítimas e suas testemunhas costumam ser intimidadas pelos acusadores que, em alguns casos, conseguem soltura mediante fiança.

Uma onda de protestos após um estupro coletivo que terminou com a morte de uma mulher em ônibus de Déli, em dezembro de 2012, levou o governo indiano a endurecer as penas contra estupro, incluindo a pena de morte para molestadores reincidentes.


Endereço da página:

Links no texto: